pedras errantes, as águas fugitivas. Praias e canais se deslocam, como se um arrepio sísmico, quase imperceptível, agitasse aí a crosta terrestre. De sorte que a própria obra do homem, copiando o sentido aleatório da natureza, é insubsistente. O balisamento dos cursos e das baías muda-se, passa-se de um ponto para outro, segue contagiado pela sorte comum dos elementos dispersos. O farol da ilha de Santa Helena transferiu-se para a ilha do Boiuçu; o farol da ilha do Jutaí transferiu-se para a ilha do Camaleão; o farol da ilha do Goiabal transferiu-se para a ilha do Mandi. A substituição das passagens, o soerguimento das coroas, a modificação das derrotas forçam a estas mudanças, traduzindo assim a característica amazônica, fundamente regional, que imprime aos seus menores quadros o estigma fabulístico de Ahasvero. E se as terras por aí, no oeste do estuário, tendem a emergir, nas extremidades da lira aberta em golfo, do cabo do Norte ao cabo do Maguari, e mesmo para além da foz amazônica, na ponta de Salinas, tendem a mergulhar, dominadas pela onda marítima. Observa-se que o litoral da Guiana e o litoral da Tijoca se afundam, e que as orlas de Marajó, Caviana, Mexiana, nas extremas de barlavento, se desagregam. Os vagalhões, os alíseos e os aguaceiros devastam-nas. Agassiz afirma que a tremenda