da onça, com o glauco-aço do tapir, com o mel-tabaco do veado, com o negro-dourado do cágado. Se aí, porém, no arco poente da bacia, a vida ainda é dura, mais para leste, no oriente da planície, nesse benigno baixo Amazonas, de campinas pastoris, de várzeas bucólicas, de veigas floridas, encantado Paraíso Verde, tudo é doce e fecundo, alegre e convidativo. A luz crua, em poalhas de ouro, ilumina a vastidão da campina, macio vergel de veludo sobre o qual o gado pasta e rumina melancolicamente como nas éclogas mantuanas de Virgílio. A formosura dessas várzeas mordidas de claridade, varridas pelos alíseos, atinge a zona lacustre, derramando-lhe não só o colorido e a beleza, mas a salubridade e a fartura. Sobre os altiplanos do norte e do sul, nos recôncavos e nos chapadões, nos picos e nos despenhadeiros, nas quebradas e nos alcantis — o ermo, a soledade dos tabuleiros desabitados, mal vestidos de flora enfezada de arvoredo miúdo, ribas em que o cajueiro anão se alterna com o capim agreste, criando o campo dos planaltos chamado coberto. Por vezes, sobre ondulantes manchas de rochedo, a lembrarem vagas de um mar petrificado, avultam as urzes, os cactos e os mandacarus assinalados por Martius, nos sertões adustos do nordeste, como sylva horrida. Apesar todavia das observações científicas