dos naturalistas, que rasgam véus na História Natural, a lenda entremeia-se à vida do homem, rodeando-lhe de mistério os passos e a crônica. A iara, o boto, o curupira, a boiuna, o uirapuru fazem parte do mais pitoresco folclore da população. E a própria muiraquitã, pedra jade, trabalhada em relevo, amuleto sagrado que as Amazonas guerreiras davam aos amantes no lago Espelho da Lua, no tempo dos amores, talvez porque se ligue a um episódio fictício, permanece enigmática. Os sábios e os investigadores se contradizem a respeito da origem e da estrutura desse talismã. Parece o produto vitorioso da alquimia elaborada nas retortas do aborígene. E se o índio anda completamente arredio, malgrado a catequese rútila da espada, ainda é ele o senhor das derradeiras faixas do hinterland, dominando a região das vertentes abruptas, das florestas sombrias e do deserto desnudo. Nestas visadas impressionistas, resultantes de miúdos exames, uma cousa inquestionavelmente se constata no correr do tempo: o vale enxuga. Os mananciais, as fontes, as lagoas dos altiplanos reduzem suas áreas, secam de ano para ano. Também no fundo da bacia, na terra nova, igapós imensos, anteriormente inacessíveis ao trilho humano, entumescem-se de restingas, levantam o fundo, deixam o leito vir à tona para o beijo fecundo da