luz. O fenômeno se observa mesmo para além das nossas fronteiras, como se fosse contingente a toda a terra americana, de leste a oeste. O lago Titicaca, a quatro mil metros de altura, apertado entre a Bolívia e o Peru, de onde fluem os primeiros filetes do Beni, um dos formadores do Madeira, seca visivelmente sob um pálio constante de neblinas. A cidade de Tiauanaco, anterior talvez à civilização incásica, adoradora do sol, a mais remota urbe do continente colombiano, que conta a existência pelas ruínas grandiosas em dezenas de séculos, debruçada, ao nascer, naquelas águas que a refletiam na pompa e na maravilha dos palácios e dos monumentos, acha-se hoje a muitas milhas do volumoso lago. Extenso de 20 léguas por dez de largo, cortado de gaiolas que o navegam envolvidos na bruma andina, esse tanque de 300 metros de profundidade imita a Amazônia: seca também. De maneira que os futuros viajantes da planície equinocial, curiosos de conferir os relatos que esta geração coordena, hão de ter, como nós temos agora, decepções fortíssimas na topografia, na hidrografia, nos hábitos e no clima, tanto mais vivas quanto as que assaltam, de decênio em decênio, os próprios filhos da Holanda, país que se altera, que se modifica, que se transfigura sob os nevoeiros do norte da Europa. Os cortes que o Amazonas e