demais afluentes rasgam no vale, grandioso trabalho potamográfico, vão metamorfoseando a bacia e seus aspectos em trechos tão diferentes, que as geografias escolares não resistem a 20 anos sem uma revisão minuciosa. As margens recuam de um lado e se ampliam de outro; as ilhas mergulham aqui e afloram acolá; os canais divagam e as praias mudam-se. A maioria dos cursos d'água, tontos de claridade, ébrios de luz, esma os horizontes. A majestade da planície, de desmedidas lindes de leste para oeste, guarda ainda no seio virgem aspectos de tal modo variados e múltiplos, que os fenômenos hidrográficos e os fenômenos atmosféricos, duma extremidade, são completamente desconhecidos na outra. Assim, qualquer exame que porventura não abranja os arcos opostos da arena formidável é contraditório e falho. No oriente da bacia, nos afluentes, nos lagos, nos pauis que retalham a gleba do estuário, apesar do trabalho constante das águas, na dinâmica construtora, tudo é placidez, tudo é quietude, tudo é serenidade. Os periantans de canarana, soltos das margens como navios verdoengos das iaras, sobem e descem no vai e vem manso das marés. São esmeraldinos tufos flutuantes de gramínea ondulada pelos ventos. Aí pousam as aves aquáticas, pensativas umas, vigilantes outras, mas todas atentas