movimento, desertou seu próprio candidato e antigo amigo, e passou a combatê-lo aceitando a candidatura para si mesmo.
Era inegável sua intimidade com os chefes da agitação militar. Pensava que nessa campanha eram aliados; em realidade, se um motim militar tivesse lugar e triunfasse, era evidente que o cabeça da insurreição seria o escolhido para o governo de fato da nação.
Foi conduzida a campanha com absoluta falta de escrúpulos e de senso moral. Alguns dos partidários de Nilo, provavelmente sem que este fosse sabedor dos recursos utilizados, e sem que autorizasse as armas empregadas, lançaram mão de uma falsificação despudorada, uma falsa carta que se atribuía ao candidato mineiro, insultando baixamente ao Exército e à Armada, de modo a ferir ao vivo os justos melindres dessas classes, em seus sentimentos mais delicados de brio e de abnegação. Nilo silenciou, em vez de condenar e votar ao desprezo tais meios de combater seu contendor; Hermes, que conhecia a origem dessa falsidade, manteve-se em atitude dúbia.
Como era fácil de imaginar, a agitação cresceu e se tornou mais intensa e ameaçadora nos círculos militares, assim postos diretamente em fogo. Tal era precisamente o fim dos conspiradores: perturbar o pleito, e, na confusão, ou mesmo na desordem reinante, levar avante seus intentos — eleger Nilo, para a maioria deles; eleger ou proclamar a Hermes, para os membros da conspiração.
Cumpre dizer que nas classes armadas a emoção era muito viva, embora se hesitasse quanto à autoria da carta falsa, pois Bernardes, indignado, havia nobremente repelido a aleivosa insinuação de ter tido qualquer iniciativa que pudesse justificar tal infâmia. Conseguiram, contudo, os conspiradores persuadir ao senador Raul Soares, líder da candidatura do presidente de Minas, de que um pronunciamento de tribunal de honra poria termo à questão. Em honra de Bernardes seja dito que ele se opôs a tal procedimento; ponderou, com inteira procedência e noção de responsabilidade, que não poderia admitir uma discussão e uma