Formação histórica do Brasil

exibição de documentos e provas sobre tal tema, isto é, sobre se ele tinha, ou não, dito a verdade.

Infelizmente, Raul Soares não conhecia a fundo o meio federal, e julgava ser uma impossibilidade que assunto de honra pudesse ser objeto de fundas intrigas e de deslealdades. E, contra o parecer de conselheiros desinteressados e leais, persuadiu por seu turno ao presidente mineiro da conveniência de transigir e capitular nesse ponto. Erro terrível, que abriu as comportas da torrente de calúnia e abusos.

Procurou, a princípio, o arbitramento de personalidades respeitáveis, que se recusaram a entrar em tão emaranhado cipoal. Raul Soares foi então levado a aceitar o Clube Militar como autoridade arbitral. Ignorava o senador, ou então aceitara informações suspeitas que lhe esconderam a realidade dos fatos, que o Clube Militar, presidido por Hermes (que conhecia toda a história da falsificação), era o quartel-general de todos os oposicionistas a Bernardes. Acalmaria o ambiente militar, lhe disseram seus conselheiros fardados ou não. Não sabia, porém, ou não queria acreditar, apesar dos avisos de gente mais conhecedora do meio, que tal associação se achava em mãos de politiqueiros, quer do Exército, quer civis, que se aparceiravam em benefício próprio, principalmente com Hermes, e, não sendo possível com este, com Nilo.

Na sua honesta convicção, o senador persuadia-se de igual honestidade alheia; acreditava em que o laudo seria unânime em favor da verdade, isto é, declarando que a carta era uma deslavada invenção de falsificador, e, entretanto, já estava lavrado o documento, unânime, contrário a Bernardes e atribuindo-lhe a autoria da missiva fraudulenta e forjada!... O próprio Hermes, no qual ele confiava, dava o prestígio da sua autoridade à vergonhosa tramoia, de cuja flagrante injustiça ele era sabedor.

Como era natural, durante as operações preliminares dos peritos quirógrafos, os oficiais tinham ficado quietos e em silêncio, esperando as conclusões. Mas quando estas se divulgaram, com o fato agravante de ser unânime o laudo, a quase unanimidade dos quadros aceitos bona fide a palavra da Comissão

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