brasileiro das Relações Exteriores, constatamos que vários problemas evocados na documentação estrangeira não encontram eco na do Brasil. Existem três explicações para essa situação: em primeiro lugar, a diplomacia brasileira é feita no Rio de Janeiro oralmente e não deixa, portanto, qualquer traço; em segundo lugar, as questões mais importantes das relações do Rio de Janeiro com o Eixo e os Estados Unidos foram encaminhadas de maneira secreta e confidencial pelos responsáveis brasileiros; por fim, pode-se julgar que a recente abertura dos arquivos diplomáticos brasileiros tenha sido precedida de uma seleção dos documentos.
A relativa pobreza dos arquivos brasileiros nos incita a recorrer à documentação dos outros ministérios e, sobretudo, das autoridades policiais responsáveis pela luta antinazista.
Por fim, a inexistência de arquivos da Ação Integralista Brasileira, assim como de documentos do Partido Comunista Brasileiro (PCB), leva-nos a procurar esclarecer suas ações através da documentação disponível no estrangeiro.
A avaliação das fontes é bastante reveladora das dificuldades que puderam ser encontradas por um país jovem em suas relações com os principais beligerantes. Entre os dois extremos - o alinhamento com as democracias ou com os regimes totalitários que se defrontam - o Brasil navegará por muito tempo procurando, das rivalidades de seus parceiros, aumentar seu fraco poder de negociação. A via média é estreita, e, em lugar da imagem de uma trilha, é a imagem do martelo e da bigorna, que acaba por vir à mente.
Ao longo das reviravoltas e do jogo das alianças, o sentimento nacionalista, ainda uma vez, é a única constante. O fenômeno surge bem claro no período rico de acontecimentos que precede o engajamento do Brasil na guerra. Seu desejo de independência se chocará constantemente com os limites muito estreitos da realidade.
A busca da autonomia passa, assim parece, pelo alinhamento. Nacionalismo versus dependência: jamais talvez na história do país a tensão entre essas duas forças pareceu mais evidente. Não se poderia esquecer que foi nesse contexto que se forjou o Brasil de hoje.