O Brasil de Getúlio Vargas e a formação dos blocos: 1930-1942. O processo do envolvimento brasileiro na II Guerra Mundial

brasileiro das Relações Exteriores, constatamos que vários problemas evocados na documentação estrangeira não encontram eco na do Brasil. Existem três explicações para essa situação: em primeiro lugar, a diplomacia brasileira é feita no Rio de Janeiro oralmente e não deixa, portanto, qualquer traço; em segundo lugar, as questões mais importantes das relações do Rio de Janeiro com o Eixo e os Estados Unidos foram encaminhadas de maneira secreta e confidencial pelos responsáveis brasileiros; por fim, pode-se julgar que a recente abertura dos arquivos diplomáticos brasileiros tenha sido precedida de uma seleção dos documentos.

A relativa pobreza dos arquivos brasileiros nos incita a recorrer à documentação dos outros ministérios e, sobretudo, das autoridades policiais responsáveis pela luta antinazista.

Por fim, a inexistência de arquivos da Ação Integralista Brasileira, assim como de documentos do Partido Comunista Brasileiro (PCB), leva-nos a procurar esclarecer suas ações através da documentação disponível no estrangeiro.

A avaliação das fontes é bastante reveladora das dificuldades que puderam ser encontradas por um país jovem em suas relações com os principais beligerantes. Entre os dois extremos - o alinhamento com as democracias ou com os regimes totalitários que se defrontam - o Brasil navegará por muito tempo procurando, das rivalidades de seus parceiros, aumentar seu fraco poder de negociação. A via média é estreita, e, em lugar da imagem de uma trilha, é a imagem do martelo e da bigorna, que acaba por vir à mente.

Ao longo das reviravoltas e do jogo das alianças, o sentimento nacionalista, ainda uma vez, é a única constante. O fenômeno surge bem claro no período rico de acontecimentos que precede o engajamento do Brasil na guerra. Seu desejo de independência se chocará constantemente com os limites muito estreitos da realidade.

A busca da autonomia passa, assim parece, pelo alinhamento. Nacionalismo versus dependência: jamais talvez na história do país a tensão entre essas duas forças pareceu mais evidente. Não se poderia esquecer que foi nesse contexto que se forjou o Brasil de hoje.

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