O Brasil de Getúlio Vargas e a formação dos blocos: 1930-1942. O processo do envolvimento brasileiro na II Guerra Mundial

A política externa brasileira é feita antes de tudo no Rio de Janeiro. A esse respeito, as embaixadas brasileiras desempenham um papel negligenciável, e por vezes contraditório, em relação à posição do Ministério das Relações Exteriores. No que diz respeito ao Eixo, há também divergências entre as tomadas de posição de suas respectivas embaixadas no Rio de Janeiro e as instruções recebidas de Berlim e de Roma. Um terceiro nível de oposição é o que existe em nome das rivalidades entre a Itália e a Alemanha. A partir disso, é impossível considerar como monolítica a posição do Eixo em face do Brasil. A interação desses diferentes elementos em níveis de decisão distintos dá origem a uma trama sutil, que varia constantemente segundo as circunstâncias. Nesse sentido, a única política que não sofre solução de continuidade é a dos Estados Unidos.

O período histórico que é objeto da presente pesquisa se delimita, antes de tudo, pela perspectiva brasileira. Começaremos pela análise das origens, do desenvolvimento e das consequências da revolução brasileira de outubro de 1930. Dois outros períodos se inscrevem no quadro definido por acontecimentos da política interna: o do Governo Provisório (1930-1934) e o do Governo Legal (1934-1937). O golpe de Estado varguista de novembro de 1937 e a instauração de um regime de tipo corporativista constitui o momento-chave na evolução da política interna e externa brasileira. A partir desse momento, a divisão cronológica obedecerá a uma periodização tradicional, já que convocará os acontecimentos internacionais mais marcantes: setembro de 1939 - início do segundo conflito mundial; junho de 1940 queda da França; dezembro de 1941 - ataque de Pearl Harbor; para acabar em agosto de 1942, quando o Brasil declara guerra à Itália e à Alemanha.

O método baseia-se essencialmente na crítica e na confrontação das fontes de origens diversas. Essa maneira de proceder, que se resume a uma interrogação da história, tornou-se indispensável pela ausência relativa de pontos de referência e pelo desequilíbrio, por vezes digno de nota, das fontes consultadas.

De um lado, temos documentos numerosos e de qualidade originários do Eixo e dos Estados Unidos. Os documentos diplomáticos alemães, dos quais uma série foi publicada em inglês e em francês, são completados por uma avaliação dos arquivos da Wilhemstrasse depositados em Bonn. A posição italiana é analisada através dos documentos diplomáticos publicados e, sobretudo, dos arquivos inéditos do ministério italiano das Relações Exteriores. Do mesmo modo, a coleção dos documentos diplomáticos dos Estados Unidos dão um destaque considerável às relações com o Rio de Janeiro.

Em compensação, a documentação brasileira atualmente disponível é de peso desigual e, sob vários aspectos, bem menos rica que as fontes estrangeiras. Depois de termos consultado os arquivos particulares de Getúlio Vargas e de Osvaldo Aranha, bem como o conjunto dos arquivos do ministério

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