mais, acrescenta Antônio Carlos, uma ação antigovernamental é indispensável, pois a revolta já se faz ouvir. Prova disso são os numerosos movimentos que sacudiram o país durante toda a década de 1920-1930. Esses movimentos, de inspiração essencialmente "tenentista", podem esconder, sob vagas ideias, um anseio de mudança mais profunda, além do acontecimento imediato e da ascensão ao poder dos membros do tenentismo.
Se Antônio Carlos não exprime sempre suas ideias como o fizemos, isso não impede que ele seja consciente do momento difícil que o país atravessa e do perigo que os dirigentes tradicionais correm por causa dos erros cometidos pelo governo central. Então, segundo o dirigente de Minas Gerais, resta apenas uma saída: fechar o caminho para o candidato de Washington Luís, pois "é necessário fazer a revolução antes que o povo a faça''(27). Nota do Autor
A argumentação de Antônio Carlos é convincente mesmo que se baseie em ambições frustradas - e tanto Borges de Medeiros, que consultado sobre essa importante questão, quanto Getúlio Vargas são tentados por sua proposta. Empreguemos a expressão "tentados", pois os dois principais dirigentes gaúchos não estão ainda inteiramente convencidos. Com efeito, Washington Luís aproveitou-se de sua passagem pela Presidência da República para se esforçar por apagar algumas lembranças desagradáveis que os gaúchos guardam das intervenções do poder central nas questões de política interna do estado do Rio Grande do Sul. Assim a entrada de Getúlio Vargas no governo de Washington Luís, em 1926, deve ser compreendida menos no sentido de um reconhecimento das capacidades econômicas e financeiras de Vargas do que como um desejo de apaziguamento e de reaproximação do poder central com Porto Alegre.
Finalmente, em meados de 1929 os dirigentes de um terceiro estado da Federação, a Paraíba - e em particular João Pessoa - aceitam a aliança proposta pelo dirigente de Minas Gerais. Getúlio Vargas e Borges de Medeiros concordam, então, que se constitua uma frente de oposição que apresentará às eleições presidenciais de março de 1930 dois candidatos: Getúlio Vargas para a Presidência e João Pessoa para a Vice-presidência. Essa aliança tática eleitoral, reunindo três estados da Federação dispostos de maneira estratégica (ver mapa I, a seguir), é assinada em junho de 1929 e será conhecida sob a denominação de Aliança Liberal (AL).
O programa da Aliança Liberal persegue um duplo objetivo: uma melhor distribuição geográfica do poder e a implantação de uma verdadeira democracia no país pondo fim à fraude eleitoral. Por mais importante que