Só resta aos jovens "revolucionários" sondar Vargas, principal interessado pela sequência dos acontecimentos. Até então a política de temporização, o respeito estrito à legalidade, o temor de ferir as susceptibilidades do poder guiaram a ação de Vargas. Agora que Washington Luís tomou medidas arbitrárias contra os eleitos da AL da Paraíba e de Minas Gerais, restam apenas duas soluções possíveis a Getúlio Vargas: ou ele aceita as depurações que não são contrárias à letra do gentlemen's agreement, já que não atingem os eleitos da AL do Rio Grande do Sul, ou Getúlio Vargas segue o caminho traçado por seus jovens companheiros, que estão cada vez mais convencidos da necessidade de uma ação violenta contra o poder central.
Ainda uma vez Getúlio Vargas não escolhe. Espera e, assim, aceita, na prática, as depurações decididas por Washington Luís.
As eleições de 1930 e as medidas arbitrárias tomadas pelo poder central contra deputados legalmente eleitos reproduzem ainda uma vez a tática passada do governo central.
A historiografia brasileira tradicional sempre identificou - com algumas raras exceções(35) Nota do Autor - o movimento revolucionário de 1930 com a própria pessoa de Getúlio Vargas. Até março de 1930, quando da publicação dos resultados das eleições, Getúlio Vargas conserva uma atitude exclusivamente legalista. Para ele, não se trata de modo algum de precipitar a história. É preciso esperar! Mesmo na véspera das depurações, Vargas contemporiza. Nada mais difícil de apreender do que a personalidade de Getúlio Vargas. Feita de circunspecção, de contemporização, de oportunismo e de duplo jogo, a atitude de Getúlio Vargas durante esses meses decisivos é incoerente. Por várias vezes ele dá razão aos membros mais radicais da AL, ao mesmo tempo que tenta entender-se secretamente com Washington Luís(36). Nota do Autor
Do mesmo modo, quando se trata de fazer declarações públicas, ele jamais se compromete. Seus discursos são cheios de subentendidos, nuanças, de vagas promessas e de ameaças veladas... Assim, por exemplo,