Schinke foi trazido de Florianópolis para cá. É natural que a polícia infira disso que a embaixada estava a par.
Que consequências imediatas resultarão desses fatos para a embaixada e para as relações germano-brasileiras, caso nossas apreensões tenham fundamento? Atualmente é impossível prevê-lo.
Em todo caso, devemos ser discretos e prudentes no caso Kopp. É essa a razão da sugestão contida em meu comunicado telegráfico nº 111 de 27 de junho, recomendando que a imprensa alemã não dê qualquer detalhe sobre esse caso.
Após esses acontecimentos, julguei necessário dar proteção ao cidadão alemão e membro do partido, Neubert, nas dependências da embaixada. Neubert veio por si mesmo à embaixada porque tinha tomado conhecimento de que a polícia fora buscar informações a seu respeito na escola alemã onde ele dá aulas.
Se Neubert tivesse sido preso, podíamos temer que fosse feito tudo, com os métodos policiais que aqui vigoram, para lhe extorquir o que quisessem saber dele. Depois do incidente Kopp, havia motivos inclusive para temer por sua vida.
Nesse meio tempo, o cidadão alemão e membro do partido, Barwich, representante de Transocéan, veio colocar-se sob a proteção da embaixada. Eu também o instalei em nossas dependências. Barwich por acaso se encontrava no escritório de Kopp na Federação quando Kopp aí foi preso na sexta-feira 24 de junho, e também foi considerado preso. Passou a noite na delegacia de polícia, mas foi solto no dia 25, depois de ter sido várias vezes interrogado.
Foi através dele que ficamos sabendo da prisão de Kopp, a qual ele infelizmente só informou à embaixada no dia 26 de junho pela manhã, quando Kopp já estava morto. Desde então, Barwich recebeu duas advertências e foi avisado de que sua nova prisão era iminente. Por isso ele procurou a embaixada.
Uma terceira advertência aliás me chegou indiretamente, pois a polícia me informou que Barwich tinha de deixar o território brasileiro.
Foi nessa ocasião que Barwich nos disse pela primeira vez que ele tinha tido uma conversa com Gustavo Barroso, auxiliar do chefe integralista Plínio Salgado, em 10 de maio, à tarde - isto é, na antevéspera do último golpe - nos escritórios de Transocéan. No correr dessa conversa, Barroso lhe perguntou se, caso o ministério da Marinha brasileiro fosse confiado a um integralista, o governo do Reich estaria disposto a armar os integralistas. Barwich deu uma resposta evasiva. A partir do incidente Kopp, veio-lhe à mente que Kopp - e é isso que o inquieta - deu a entender mais ou menos oito dias depois que ele estava a par dessa conversa, embora Barwich nada lhe tenha dito a respeito.
No curso dessas últimas semanas, as embaixadas da Itália e de Portugal,