ANEXO XV
Relatório de Colpi, enviado especial italiano a Lisboa sobre seus encontros com Plínio Salgado em 10 e 19 de abril de 1942(1) Nota do Autor
Consegui encontrar Plínio Salgado bastante facilmente e tive com ele quatro encontros, a partir de 10 de abril último sempre em locais diferentes. Parece que Plínio Salgado é muito vigiado tanto pela polícia portuguesa quanto por agentes americanos. Seu telefone é escutado (a companhia telefônica de Lisboa é inglesa). Estou convencido de que graças às precauções tomadas nossos encontros não foram notados.
Atualmente as condições de saúde de Plínio Salgado são boas. Ano passado ele sofreu um agravamento de seu foco pulmonar. Mas tive tempo de examinar as radiografias e estou persuadido de que o processo agora está em vias de cura.
Plínio Salgado continua a dirigir secretamente de Lisboa o movimento fascista brasileira (integralismo) e está também em contato com os nacionalista argentinos (coronel Umberto Molina - Córdoba) bem como os nacionalistas de outros países sul-americanos (na Argentina há muitos exilados integralistas brasileiros).
Salgado mantém contato com seus adeptos no Brasil por meio dos navios brasileiros que fazem escala em Lisboa e cujos comandantes e oficiais estão em sua maioria inscritos no partido integralista (Navios: Cuyaba, Bagé, Jaceguay e outros). Atualmente seu representante no Rio de Janeiro é um certo Padilha. Seu genro, Loreiro, personagem de primeiro plano no movimento integralista, mora em São Paulo (rua José Bonifácio).
Nas diferentes embaixadas e delegações brasileiras, P. S. pode contar com elementos de confiança, como Fonseca Hermes em Madri, Latour anteriormente em Roma e agora ministro na Colômbia, etc. O embaixador brasileiro em Portugal, embora não sendo um integralista, parece ser um admirador e um amigo de Plínio Salgado, ao passo que o resto do pessoal da embaixada lhe é nitidamente hostil. As embaixadas brasileiras em Roma e em Berlim também lhe são hostis. Há fiéis nas embaixadas ou delegações de Londres, Washington, Estocolmo, Buenos Aires, etc.
Atualmente ele vive em Lisboa graças a um subsídio que o governo brasileiro concede a todos os exilados políticos, mas sobretudo graças às doações dos inscritos em seu partido.