biógrafos, dizendo-lhes e às vezes insistindo que a sua presença era indispensável, pois seria ela que daria importância e brilho à abertura da mostra. Conseguimos levar à Biblioteca Otávio Tarquínio de Sousa e Lúcia Miguel Pereira, naturalmente avessos a tais inaugurações. Se o assunto lhes interessava, preferiam ir num dia mais calmo e ver tudo sem atropelos.
O hall fora se enchendo. O Ministro José Linhares, cearense, meu amigo, presidente do Supremo Tribunal Federal, onde eu trabalhava desde 1936, chegou às 17:05h. Maior pontualidade seria impossível.
Conversou bastante com o General Jaguaribe de Matos. Às 17:15h chegou Lourival Fontes, amigo de J. H. R., Chefe da Casa Civil da Presidência da República. Postou-se perto da fita inaugural com a sua tradicional piteira e foi logo cercado, não lhe faltando interlocutores. Mas o tempo ia passando sem que se pudesse inaugurar a Exposição, devido à ausência do Sr. Ministro da Educação.
Havia algo de estranho no ar. Circulando entre os vários grupos, apurei que haviam se formado, por assim dizer, dois times de torcedores entre os funcionários. Os favoráveis a JHR afirmavam que a Exposição seria aberta; os contrários, que o decreto exonerando da interinidade o historiador chegaria a tempo de impedi-lo de inaugurá-la. Um dos assessores do Ministro da Educação se sentira prejudicado por um ato administrativo de JHR na véspera e jurara vingança.
De minuto em minuto a situação ia se tornando insustentável. Às 17:55h, alguém telefonou da Biblioteca Nacional diretamente para o Sr. Ministro da Educação, advertindo-o de que o Chefe do Poder Judiciário e o Chefe da Casa Civil da Presidência da República estavam no saguão da BN há quase uma hora, esperando a chegada de S. Exª, afinal, o dono da casa.
Num átimo, o Sr. Ministro da Educação chegou. Demonstrava embaraço. O Ministro José Linhares descerrou logo a fita e ele e Lourival Fontes tomaram a dianteira, sem ligar se o Ministro da Educação os seguia ou não. A inauguração foi brilhante, os convidados especiais portaram-se com a maior elegância, como se fossem eles que tivessem chegado adiantados e tudo correu na maior harmonia.
No dia seguinte, entretanto, às 11h em ponto, hora regulamentar da abertura da repartição, lá estava o decreto demitindo J. H. R. da Direção Geral Interina da Biblioteca Nacional. Mas isto não era tudo. Uma Direção Geral Interina dá-se e tira-se sem maiores problemas. É um incidente administrativo de regra sem maior importância.
No caso, porém, tratava-se de coisa inteiramente diferente. Atribuía-se o caráter de punição a um funcionário que acabava de prestar à instituição um serviço relevante. Outorgara-se a um dos maiores historiadores brasileiros, autor de teses inovadoras na historiografia brasileira, o lugar que ele merecia. Em vez de exaltar e louvar a tarefa cumprida com