O problema consiste em relacionar valores rivais às posições de classe e daí às combinações resultantes da conduta política. Nem se pode esquecer que o conservadorismo penetrou tão fundamente na vida política brasileira que não é estranho que a classe média nas suas variações e até trabalhadores se liguem a interesses do grupo dominante e abjurem as intenções do seu próprio grupo. Mas há um aspecto que deve ser bem medido: a considerável descontinuidade entre a tendência do povo a dar consentimento formal a valores dominantes abstratos e sua resposta a situações práticas imediatas, nem sempre concordantes com os valores das classes dominantes.
Além disso, vem-se acentuando a decadência das velhas elites conservadoras substituídas por minorias militares (generais) - técnicas que mantêm ideias obsoletas, antiquadas e arcaicas na defesa do conservadorismo, assaltando o poder e mantendo-o em defesa das minorias decadentes.
O conservadorismo sempre defendeu a tese de que a história seria favorável às fases em que o poder foi exercido por estadistas sectários do princípio da autoridade e não pelos partidários do liberalismo, mais ardente e generoso que refletido.
Os conservadores sempre acharam que o Partido Conservador no Brasil havia consolidado as instituições, salvo a integridade da Monarquia, restabelecido a ordem e a tranquilidade pública. Não conquistara o poder no tumulto das revoluções, nem por surpresas inconstitucionais. Suas vitórias eram conseguidas por meios legítimos: a imprensa, a tribuna e o consentimento implícito dos próprios adversários.
Muitas vezes eles usaram de instrumentos de opressão para afastar seus adversários ou obrigá-los mesmo a se submeterem ou ainda a recorrerem aos meios mais violentos para que uma reação os exterminasse, embora a verdade é que os liberais em conjunto nunca foram excluídos ou exterminados, ainda que uns ou outros tivessem sofrido até as penas do exílio.
O exílio foi uma pena usada por ultraconservadores contra aqueles que tiveram a audácia de enfrentá-los e, desde José Bonifácio até D. Pedro II, o exílio ocupou um lugar honrado na nossa história, assim como ocupou em toda a civilização ocidental, tal como exemplificam os casos de Tucídides, Ovídio, Dante, Heine e Marx.
O pensamento conservador está sempre associado ao medo da mudança ou à resistência a ela, o que caracterizou a política brasileira do Império e maculou a atividade liberal brasileira, também dominada pelo temor das grandes mudanças, como era o caso da abolição da escravidão.
2- Principais características da corrente conservadora brasileira
A corrente conservadora brasileira tem como principais características as seguintes: