evitar os abusos dos que sempre falam em nome da razão de Estado, agora chamada segurança nacional.
Assim, se defendiam o Estado, não concordaram com aquelas famosas palavras de Frederico, o Grande: "S'il y a à gagner à être honnête homme, nous le serons, et, s'il faut duper, soyons donc fourbes".
Deve-se, portanto, distinguir entre a razão de Estado necessária e inelutável nas crises sociais e econômicas e a tendência violenta e perigosa de, em seu nome, assenhorear-se um homem da consciência dos outros e da sociedade.
2.2- Defesa das classes dominantes e exaltação dos grandes estadistas
A segunda característica do conservadorismo é a defesa intransigente das classes dominantes e a exaltação dos grandes estadistas. Para os conservadores, a liderança foi quase perfeita, modelar, com pequenos senões em raríssimas ocasiões. É a história dos senhores do poder, dos governadores, das elites.
Salústio, na Guerra de Jugurta(5) Nota do Autor, investiu contra os senhores do poder:
"E quem são, então, esses homens que se tornaram donos do Estado? Celerados, com as mãos tintas de sangue, de uma insaciável cupidez, monstros ao mesmo tempo da perversidade e do orgulho, para quem a lealdade, a honra, a piedade, o bem e o mal, tudo é mercadoria. Para uns o assassinato dos tribunos da plebe, para outros processos contrários ao direito, para quase todos o massacre dos vossos tem sido os meios de se por ao abrigo. Assim, quanto mais eles são criminosos, mais estão em segurança".
Por mais forte que seja essa descrição, ela revela como, desde a Antiguidade, os historiadores mais livres souberam ver os abusos dos senhores do poder, tão admirados pelos conservadores e tão louvados pelos historiadores conservadores.
Capistrano de Abreu advertira Taunay de que não devia escrever história de capitães-generais, de governadores, enfim, da minoria dominante, e preferir o estudo dos grandes temas como as bandeiras, o cate e o tráfico negreiro, a que Taunay dedicou sua vida.(6) Nota do Autor
Os efeitos depressivos dessa historiografia conservadora estão bem claros na grande maioria das histórias gerais do Brasil, com o desfilar dos feriados nacionais e a exaltação dos estadistas, com as biografias apologéticas.