História da História do Brasil. Volume II Tomo 1 – A historiografia conservadora

2.3- Pregação da continuidade histórica e combate à ruptura

Os conservadores pregam a continuidade histórica e combatem a ruptura que se exprimiu primeiro na defesa da ex-metrópole e do seu colonialismo, que durou o quanto pôde. A louvação da história colonial no Brasil e em geral foi feita sempre sistematicamente desde Varnhagen; segundo a defesa do bragantismo, só examinado criticamente, embora com excessos de linguagem, por Manuel Bonfim, especialmente em O Brasil na História(7) Nota do Autor e o Brasil Nação(8) Nota do Autor, livros que merecem hoje o reexame crítico, bem como sua real e positiva colocação na historiografia brasileira, embora tenham sido por longo tempo marginalizados.

2.4- Conformismo e dizer-amém aos poderosos

A concepção conservadora ensina o conformismo e diz sempre amém aos poderosos. É anticombativa, é passiva, aceita os fatos tal como acontecem e se põe sempre ao lado dos vencedores. Por isso, a história conservadora do Brasil é sempre a história dos vencedores e os vencidos são sempre censurados e condenados. Como o povo brasileiro é politicamente um povo derrotado em toda a sua história - embora seja o construtor do país - ele pouco aparece nas histórias escritas por conservadores.

A concepção conservadora não tolera os homens de muita opinião que ou são esmagados, ou aprisionados, ou exilados. A frase de Capistrano de Abreu, "O povo brasileiro foi sempre capado e recapado, sangrado e ressangrado", tem inteira aplicação neste contexto: uma história feita pelos vencedores para os vencedores. Ter muita opinião foi sempre intolerável para os conservadores em geral e sobretudo para os autoritários. César, falando dos gauleses, escreveu que eles eram os mais obstinados dos seus adversários e, por isso, não atenderia a seus apelos.(9) Nota do Autor No Brasil houve sempre gente de muita opinião que sofreu por seus ideais e convicções, desde José Bonifácio até aqueles homens derrotados em Canudos que não se entregaram porque eram gente de muita opinião.(10) Nota do Autor

2.5- Fracassos explicados como erros humanos

O conservadorismo justifica os fracassos como erros humanos e não pela falta de reformas necessárias. Os insucessos se devem a causas naturais que fogem

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