História da História do Brasil. Volume II Tomo 1 – A historiografia conservadora

com os conservadores e não foram excluídos ou exterminados. A conciliação e a reforma foram os instrumentos políticos de manutenção conservadora no poder, como tentei demonstrar em meu livro Conciliação e Reforma no Brasil: um desafio histórico-político.(11) Nota do Autor

3.3- Direito sagrado da propriedade

Daí resulta a apoteose da Monarquia, até a hora em que esta descuidou de interesses dos conservadores, com a abolição dos escravos, isto é, negligenciou o que há de mais sagrado nos conservadores, que é a propriedade.

4- Interpretação conservadora de Justiniano José da Rocha

O conservadorismo político teve como sua expressão ideológica e seu pensador inicial a figura de Justiniano José da Rocha (1811-1862) com seu livro Ação: Reação: Transação(12) Nota do Autor, admirável síntese do pensamento conservador na interpretação da nossa história, vista como uma luta eterna da autoridade com a liberdade. Os conservadores criaram um verdadeiro cesarismo histórico ao fazerem a apoteose da Monarquia, ao exaltarem a dinastia reinante, ao sustentarem que foi a Monarquia que criou a Nação e não a Nação que criou a Monarquia. O país nada deveu a si, viveu do favor dos príncipes e estaria retalhado se não fora a ação da realeza. A verdade histórica que o cesarismo criou e professou publicamente em detrimento dos brios nacionais e da evidência dos fatos é que a Monarquia criou a nacionalidade brasileira e a manteve.

Não traço aqui a bibliografia de Justiniano José da Rocha, já realizada.(13) Nota do Autor Em seu famoso folheto de 1855, sustentou que "desde os dias da independência até 1851 vivemos no meio das lutas do elemento democrático e do elemento monárquico; procurando ambos alternadamente e com igual intensidade excluir-se, trouxeram-nos pela vereda do infortúnio ao ponto em que estamos. Ter-lhe-íamos sucumbido, se não nos valesse a forte constituição da unidade brasileira; a ela devemos os dias que correm de paz e de bonança, de aspirações mais brandas e moderadas, de arrefecimento de ódios e paixões". Sustenta, a seguir, que havíamos chegado à fase da transação, mas afirma que a mesquinhez do espírito humano, a satisfação de interesses no aviltamento dos indivíduos

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