História da História do Brasil. Volume II Tomo 1 – A historiografia conservadora

começou louvando o chamamento pela Coroa do Marquês de Paraná, "uma das principais notabilidades do país, um dos homens que maiores e mais seguras garantias tinha dado ao partido [conservador], ainda no poder, e que tinha sido um dos formuladores dos dogmas do seu credo político". E depois começou a revelar sua separação da fórmula de conciliação: "Esperei, esperei ansioso. Não me enganei".

Declarou então que, organizado o gabinete, foi na tribuna do Senado apresentado o programa de governo e nele se dizia: "Não há mais saquaremas nem luzias; as lutas passadas estão extintas; o governo é conservador-progressista, ou progressista-conservador; aceita todas as questões políticas, que têm sido pontos de divergência até agora, para, na calma das paixões, nessa substância geral de ódios políticos, discuti-las e resolvê-las, a tempo de evitar que no futuro fiquem como ocasiões de novas fermentações, de novos ódios. Conservador-progressista, eu dou a fiança do meu nome e do meu passado aos conservadores; aos progressistas, porém, a quem não posso dar a mesma fiança, asseguro-lhes que os convencerei dando os primeiros passos ao seu encontro".

Ouvindo isso, Justiniano José da Rocha se encheu de satisfação e disse: "Eis aqui explicada a causa de toda essa confusão que há nas nossas falanges: o nosso chefe no-la mostra, hoje não existem mais as antigas, e portanto não há mais a antiga bandeira; cumpre-nos tomar uma bandeira nova, e a meditação sobre as necessidades do país, [que] no-la entrega; é a bandeira da conservação progressista".

Passa então a examinar o programa de Paraná: "Havia muito tempo que o Partido Democrático dominava, e dominava tão completamente que, por toda a parte, tinha amoldado a autoridade à sua feição. Tinha posto ao pé da força de linha, que procurava dissolver e anular a guarda nacional, por ele armada, exército democrático que ele próprio elegia, os chefes temporários a quem queria obedecer. Em substituição de grande unidade política do Império à unidade brasileira deu-nos um arremedo de federação republicana; estabeleceu corpos legislativos provinciais, criando assim a diversidade provincial, talvez para o futuro e diversidade da legislação".

E por aí vai atacando o que chamava os "excessos democráticos", quando sabia que os liberais vinham emergindo de penoso ostracismo. A um aparte de Figueira de Melo, conservador convicto, responde: "Pois pensa o nobre deputado que eu estou enfeudado ao passado, e que porque em tais e tais circunstâncias, em frente de tais necessidades do país pensei de um modo, devo pensar do mesmo modo quando as circunstâncias são outras, e diametralmente opostas às necessidades?".(15) Nota do Autor

Depois de revelar sua capacidade de renovação, seu permanente espírito dialético, pergunta quais as reformas que poderão acabar com as divergências

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