História da História do Brasil. Volume II Tomo 1 – A historiografia conservadora

políticas maiores, dizendo que um único projeto de lei política foi apresentado. O projeto da reforma judiciária apresentado por Nabuco de Araújo, tão bem estudado por seu filho Joaquim Nabuco(16) Nota do Autor, foi adiado indefinidamente. Mas a lei eleitoral de 19 de setembro de 1855, chamada Lei dos Círculos, foi uma das realizações do Gabinete Paraná. Ela tinha três ideias capitais: as incompatibilidades eleitorais, a divisão das províncias em círculos ou distritos de um só deputado e a eleição de suplentes de deputados.

Justiniano José da Rocha parecia não estar satisfeito com essa e outras reformas propostas pelo Gabinete da Conciliação. E solta no discurso de 19 de maio de 1855 esta frase, contestada por apartes da maioria e sobretudo pelo próprio chefe do Conselho de Ministros: "Caminhávamos, senhores, dominados pela grande necessidade da salvação da ordem, da salvação da sociedade, atacada pelo espírito revolucionário e chegamos às vizinhanças do Absolutismo (...)". E explica seu pensamento dialético: "Eu disse que estávamos na vizinhança do Absolutismo. E alguns de vós estranharam a palavra, que talvez esteja no coração de muitos. Ou, o que é o Absolutismo? É a concentração de todo o poder social nas mãos de um homem ou de uma corporação, pois eu vos digo que este absolutismo quase existe. Existe no governo em cujas mãos tudo está concentrado".(17) Nota do Autor

Nem quer o que chamou os "excessos da liberdade democrática", nem os excessos da concentração do poder, que para ele os conservadores-progressistas da Conciliação praticavam. Mas ao mesmo tempo, nesse mesmo discurso, talvez por se encontrar em oposição, ele sustenta que onde mais se desenha o Absolutismo é na supressão da liberdade individual: "Se em todas as partes do Brasil nem sempre deixou de haver abusos de prisões arbitrárias (...)", mesmo nas cidades populosas, no Rio de Janeiro, são grandes os abusos.

No final desse discurso esboça um quadro resumido da atualidade: "No interior, a falta de segurança individual, os ataques reiterados e desregrados aos últimos resquícios do poder popular, a concentração de toda a autoridade na Secretaria do Império".

No famoso discurso de 26 de maio de 1855(18) Nota do Autor, Justiniano José da Rocha conta sua vida, os jornais que dirigiu, as contribuições oficiais que recebeu, revela suas fraquezas, soluça, chora, comove o plenário e a assistência.

Depois de seu ataque ao Gabinete Paraná, no discurso anterior, Paraná respondeu-lhe com a energia e dureza que lhe eram peculiares. Joaquim Nabuco, na obra famosa sobre seu pai, diz, com razão, que foi um dos mais singulares e comoventes discursos da Câmara.

O Marquês de Paraná, no discurso-resposta desse mesmo dia, afirmou: "Não somos meros continuadores do ministério passado. Havemos de dirigir

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