não foi fácil, e não só para os maiorais, como o Marquês de Olinda, Eusébio de Queiroz e o Visconde do Uruguai, mas para os mais moços, a exemplo de José de Alencar, para o qual a Lei do Círculo não foi senão o aviltamento do sistema representativo, e a morte de Paraná evitou-lhe a decepção de ver o fracasso de sua tentativa política.(20) Nota do Autor A mútua e solene mistificação, como a chamou Tavares de Lyra, alimentou desertores conservadores e liberais no seio dos ministérios que sucederam ao de Paraná.(21) Nota do Autor
Na verdade, a pequena obra de Justiniano José da Rocha constitui a suma do pensamento conservador escrito. Falado, é possível encontrar nos discursos parlamentares de Eusébio de Queirós, do Visconde do Uruguai, do Visconde de Itaboraí, a formulação mais desenvolvida do pensamento conservador brasileiro.
Como bem acentuou o professor canadense Roderick J. Barman, "a fonte original da teoria da ação, reação, transação era estranha ao arsenal brasileiro. (...) Ela é nada menos que a dialética hegeliana, que vê a história em termos de tese (ação), antítese (reação) e, finalmente, a síntese (transação). Esta última representa a reconciliação e a culminação de uma longa dialética que deve resultar na perfeição política". Para Rocha, acrescenta o professor Barman, não é estranha a afirmação de que, se o governo fizesse concessões ao liberalismo, o Brasil se ajustaria suavemente aos seus eixos constitucionais. Nem tampouco que faltasse qualquer referência aos fatos econômicos, pois a dialética pré-marxista não tinha conotações econômicas. A sua aplicação da dialética à história era estritamente política.(22) Nota do Autor
Na verdade, o opúsculo de Justiniano José da Rocha deu aos brasileiros uma interpretação conservadora do seu passado imediato e um instrumento de ação política futura. Justiniano teve uma posição clara, lúcida, sólida.
5- A linha histórica
5.1- Francisco Adolfo de Varnhagen
Varnhagen foi o primeiro historiador brasileiro a aplicar os princípios conservadores à construção de sua história do Brasil. O grande tema de seu livro é a obra da colonização portuguesa no Brasil. Embora monarquista convicto, o que caracteriza sua obra não é o monarquismo, mas o colonialismo que defende e o conservadorismo que marca sua interpretação. Era devoto de D. Pedro II,