História da História do Brasil, 1ª parte: Historiografia colonial

dirigida a Pedro Soderini, conhecida pelo nome de Quattro Viaggi (Cf. Magnaghi, ob. cit, vol. 1, p. 99 e seguintes). 3) Lettera de 18 (ou 28) de julho de 1500 a Lorenzo di Pier Francesco de Medici, de Sevilha, que conta a primeira e segunda viagens ao serviço de Espanha, descritas como uma só viagem. 4) Lettera a Lorenzo di Pier Francesco de Medici, em continuação à carta do Cabo Verde (vide n.° 5), de Lisboa, dos fins de 1502, contando a expedição de 1501. 5) Lettera do Cabo Verde, 4 de junho de 1501 a Lorenzo di Pier Francesco de Medici, contendo a narração da terceira viagem, na qual Vespúcio encontrou alguns navios da frota de Cabral, no Cabo Verde.

Das cinco cartas, as duas primeiras, Mundus Novus e Quattro Viaggi, são consideradas pelo Professor Alberto Magnaghi (ob. cit, vol. 1, 3, 34, 43, 51 e seguintes) e por Marcondes de Sousa, as melhores autoridades sobre Vespúcio, como forjadas. Esta opinião, partilhada por vários estudiosos no mundo, vem contradizer o parecer longamente sustentado por Varnhagen, que editou na RIHGB exatamente as duas cartas "Mundus Novus" e "Quattro Viaggi" (t. 41, parte 1ª, 1878, 5-31)(6). Nota do Autor Como escreveu Magnaghi, Varnhagen deixou-se guiar por um preconceito fundamental: as cartas publicadas em vida do autor seriam autênticas, porque ele nunca as contestou, e as outras três, publicadas dois ou três séculos depois de sua morte, sem original, seriam forjadas(7). Nota do Autor É preciso lembrar que delas existem cópias manuscritas. O fato é que a obra e as conclusões de Varnhagen tiveram tal influência(8), Nota do Autor que a Raccolta Colombiana, monumento de erudição, editou exatamente as duas cartas "Mundus Novus" e "Lettera a Soderini", hoje consideradas forjadas.

Das três cartas restantes, únicas consideradas autênticas(9), Nota do Autor a primeira, de 18 de julho de 1500, diz respeito à viagem com Pinzón, em dezembro de 1499(10). Nota do Autor Não tem, portanto, quase nenhum interesse para nós, já que pouco se refere à terra e à gente, embora seja valiosa para a história da alegada prioridade espanhola. Foi publicada pela primeira vez por Angelo Maria Bandini (Vita e lettere di Amerigo Vespucci, Florença, 1745, 64-86). A segunda, de 4 de junho de 1501, publicada pela primeira vez por G. B. Baldelli-Boni (Il millione di Marco Polo, Florença, 1827), relata o encontro em Bezeguiche com dois navios da frota de Cabral, o "Anunciada" e o navio de Diogo Dias(11). Nota do Autor A referência ao Brasil também é de pouca significação para o nosso objetivo. Resta, portanto, a terceira carta, de Lisboa, 1502, relativa à viagem empreendida ao Brasil em 1501. No encontro no Cabo Verde já estava Vespúcio a caminho do Brasil. Ele havia deixado Lisboa no 13 de maio (Magnaghi, ob. cit, t. 2, 171). O objetivo era reconhecer a terra de Cabral e procurar um caminho S.O. para as Molucas. Vespúcio retorna aos 22 de julho de 1502. São desta viagem as observações que transcrevemos. A expedição era dirigida por D. Nuno Manuel (Varnhagen, História Geral, vol. 1, 93) ou por André Gonçalves (Varnhagen, História Geral, vol. 1, 114 e Capistrano de Abreu, Descobrimento do Brasil, 71), ou por Gaspar de Lemos (Greenlee, The voyage of P. A. Cabral, p. XX, e Alberto

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