História da História do Brasil, 1ª parte: Historiografia colonial

Ramusio. Boa edição italiana é a de G. Berchet, Fonti italiani per la storia della scoperta del Nuovo Mundo, Roma, 1892, parte III, vol. 1, 83-87. Há também a edição impressa na HCPB, vol. 2, 113-117, reproduzida da edição de CNHGNU. Marcondes de Sousa oferece duas traduções: a primeira baseada na primeira edição dos Paesi, exemplar da Biblioteca Nacional (O Descobrimento do Brasil, Rio de Janeiro, 1946, 168-74) e a outra da segunda edição dos Paesi (1508), ob. cit, 302-330.

A AUTORIA

A autoria da obra é assunto ainda não resolvido. Não há dúvida, diz Greenlee, que seja um português, de educação e inteligência acima do comum. Deve ter sido um dos tripulantes da frota, declara a HCPB. Berchet não chegou a nenhuma conclusão definitiva a respeito. O que se sabe é que o cronista de Veneza, Domenico Malipiero, interessado nas navegações e descobertas portuguesas, pedira a seu ex-secretário Angelo Trevisan, então auxiliar do Embaixador de Veneza em Espanha, Domenico Pisani, que procurasse obter informações especialmente sobre a viagem de Cabral. Pela correspondência trocada entre Trevisan e Malipiero, publicada na Raccolta Colombiana e citada no estudo de Berchet, vê-se que Giovanni Camerino, também chamado Giovanni Matteo Cretico, núncio em Lisboa (Cretico porque passara vários anos na ilha de Creta), fazia una opereta ou compunha un tractato. Esta é a base da crença que Cretico teria compilado, ou ao menos traduzido, a narrativa anônima que foi enviada a Malipiero e da qual existe uma cópia entre as cartas deste, hoje na coleção Sneyd. Pensa Greenlee que talvez João de Sá seja o autor (ob. cit, 55).

Os principais argumentos contra a autoria de Cretico são: 1) é incerto que ele soubesse o português; 2) o estilo da narrativa não se coaduna com o de um professor de grego e não contém expressões latinas, que poderíamos esperar fossem usadas por Cretico, ex-professor de retórica grega em Pádua e considerado homem de grande saber em grego e latim (Greenlee, ob. cit, 54 e 114, n.° 2).

Substancialmente, a Relação Anônima é um documento fidedigno, que se coloca, no tocante à Descoberta do Brasil, logo abaixo da Carta de Caminha e de Mestre João.

4. O Livro da Nau Bretoa e a Nova Gazeta da Terra do Brasil (1514)

O Livro da Nau Bretoa, de 1511(13), Nota do Autor e a Nova Gazeta da Terra do Brasil, de 1514 (14), Nota do Autor são também documentos importantes da primitiva

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