História da História do Brasil, 1ª parte: Historiografia colonial

crônica. As viagens de exploração e comércio, realizadas pouco depois da descoberta da terra, reconhecem novos trechos da costa e iniciam o tráfico do pau-brasil. O Livro da Nau Bretoa é escrito pela mão de Duarte Fernandes e registra a carga conduzida e as condições de resgate e troca admitidas pelo Rei.

O Livro descreve a viagem desde a partida de Lisboa, aos 22 de fevereiro de 1511, até a chegada aos 6 de abril no Rio São Francisco, seguindo depois para a Baía de Todos os Santos, e logo para Cabo Frio, de onde retornaram. O livro contém o Regimento do Capitão, o Regimento Geral, os nomes do capitão Cristovam Pires, do escrivão Duarte Fernandes, autor, Fernando Vaz, mestre, e João Lopes de Carvalho, piloto; seguem-se os nomes dos marinheiros, dos grumetes, dos escravos, o livro dos gatos (maracajás) e papagaios, livro da ferramenta que se furtou na Bahia. É o primeiro espécime de um documento deste tipo nos Quinhentos. É uma viagem comercial e apesar da recomendação de não trazer gente da terra, levaram para Portugal trinta e tantos índios cativos, afora cinco mil toros de pau-brasil, animais e pássaros.

A Nova Gazeta da Terra do Brasil é um precioso documento, o primeiro em língua alemã sobre o Brasil, que relata a viagem portuguesa de D. Nuno Manuel em 1514 e tem enorme interesse para a história primitiva, a geografia e a etnografia do Brasil. Pelas primeiras palavras da Gazeta, palavra que nesta época tem o sentido de notícia ou relação, "Sabei que aos 12 de outubro de 1514 chegou aqui da terra do Brasil um navio", se infere que deve ter sido escrito na Ilha da Madeira, por um agente alemão de alguma casa comercial alemã ali mantida para negociar com os novos países descobertos.

5. Diário da Navegação de Pero Lopes de Sousa

A biografia de Pero Lopes de Sousa foi traçada por Varnhagen (RIHGB, t. 5, 353-354, e t. 6, 118-122) e sumariada por Eugênio de Castro na edição de seu Diário. Desconhece-se a data de seu nascimento e os dias de sua infância. Foi navegador experimentado, capitaneou armadas e combateu corsários. Morreu moço, no mar, em 1542, de volta da Índia, chefiando expedição.

O Diário da Navegação de Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim Afonso, que o acompanhou durante a sua expedição ao Brasil, em 1530-32, é também uma fonte de grande importância. Trata-se de uma relação ou narrativa baseada num diário de bordo, contendo excelentes informações geográficas e históricas. Do ponto de vista geográfico, o Diário nos dá o contorno da costa brasileira, a toponímia mais conhecida, o reconhecimento, reconquista ou descobrimento de ilhas, cabos ou pontas, sondagem de certos lugares, observações próprias sobre correntes marinhas, cursos de ventos, detalhes técnicos importantes para os antigos navegadores.

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