História da História do Brasil, 1ª parte: Historiografia colonial

Do ponto de vista puramente histórico, como acentuou Varnhagen, quando o reimprimiu em 1861, o seu simples aparecimento rasgou, de um jato, páginas e páginas de intermináveis conjecturas de Frei Gaspar da Madre de Deus e de Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, e aboliu dúvidas acerca da existência de Caramuru. Nenhum outro documento lançou mais luz sobre várias questões intrincadas da primeira época da nossa história, porque serviu para esclarecer um período de vinte anos, quando a Carta de Pero Vaz de Caminha era apenas a revelação do que se passara durante dias.

Do ponto de vista etnográfico, o Diário revela uma vez ou outra contribuições interessantes sobre o aborígene brasileiro, tanto da Costa do Pau-brasil como da costa do Prata.

A CRÍTICA DO TEXTO

Para a primeira edição examinou Varnhagen três cópias, decidindo-se, depois de várias hesitações, pela que possuía, pondo de lado a pertencente ao Bispo Conde D. Francisco de S. Luís e a da Biblioteca da Ajuda(15). Nota do Autor Foi somente na edição, já que a segunda foi feita sem sua consulta, que Varnhagen se cingiu à cópia da Ajuda, considerada como original. As outras edições seguiram o texto da terceira, feitos certos confrontos com o original. Coube a Jordão de Freitas fazer excelente crítica do texto usado na primeira edição e mostrar que o códice da Ajuda, usado na terceira, não era original, mas apógrafo(16). Nota do Autor

AS VÁRIAS EDIÇÕES

Para a primeira edição, serviu-se Varnhagen de três cópias, as únicas de cuja existência teve conhecimento. Na advertência preliminar à primeira edição, descreve Varnhagen minuciosamente os três códices encontrados e explica as principais regras que seguiu para a sua edição.

A obra foi publicada sob o título de Diário da Navegação da armada que foi à Terra do Brasil em 1530 sob a capitania-mor de Marfim Affonso de Souza, escrito por seu irmão Pero Lopes de Souza. Publicado por Francisco Adolfo de Varnhagen. Lisboa, Tip. da Sociedade Propagadora de Conhecimentos Úteis, 1839. Esta edição é precedida de uma biografia de Martim Afonso de Souza, de uma notícia do autor e da advertência crítica a que já nos referimos. E também recheada de excelentes notas de Varnhagen. A 2ª edição foi feita em São Paulo, em 1847. A edição é de 1861, na RIHGB, t. 24, 1861, 9-103. É precedida de uma carta acerca da reimpressão do Diário, na qual Varnhagen critica a 2ª edição, feita em São Paulo, e queixa-se de que não fora avisado desta publicação, quando, desde a advertência à primeira edição, pedira que o futuro editor de outra lhe comunicasse esta resolução, de vez que ele poderia ter, porventura, algumas retificações, juízos ou observações a fazer que, se lhe não trouxessem bem, decerto nunca poderiam fazer-lhe mal.

Quanto à terceira edição, diz Varnhagen na mesma carta, que longe de repetir a primeira, reproduzida servilmente na segunda, cumpria-lhe primeiro cingir-se mais no texto ao códice original da Biblioteca da Ajuda, em Lisboa, e em seguida eliminar não só muitas notas como as biografias dos dois navegantes irmãos, que já haviam sido publicadas na RIHGB.

A 4ª edição foi também feita por Varnhagen, sob o título de Diário da navegação de Pero Lopes de Sousa pela costa do Brasil até o Rio Uruguay (de 1530 a

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