História da História do Brasil, 1ª parte: Historiografia colonial

que exploravam o tabaco, a ação de Pedro Teixeira e reafirma sua fé em Deus, que favorece estas conquistas, solicitando apoio de S. Majestade para evitar o comércio de tabaco dos estrangeiros e domesticar os índios; lembra que no Rio Grande e na Paraíba só as aldeias que possuíam assistência religiosa não se inquietaram e não se passaram para os holandeses. Os inconfortáveis trabalhos que sofriam os religiosos para o universal bem espiritual e da fazenda real não eram devidamente considerados pelos senhores dos Conselhos, diz ele. Descreve a atualidade dos sucessos e processos da conversão do Maranhão ao mundo ibérico, numa fase crítica das lutas entre forças francesas e holandesas contra as portuguesas e espanholas.

2. Martim Soares Moreno

Martim Soares Moreno, nascido em 1586, prossegue a jornada de reconhecimento e conquista. Fora companheiro de Pero Coelho pisando pela primeira vez a terra cearense aos 17 ou 18 anos e em 1611, com 25 anos, voltara a mando de D. Diogo de Menezes, como capitão do Ceará, iniciando o domínio português. Em 1613 serviu a Jerônimo de Albuquerque, reconhecendo a costa e verificando quais as posições ocupadas pelos franceses. Na volta da viagem, escapando dos franceses, foi arrastado pelos ventos e correntezas à Ilha de São Domingos e chegou em 1614 a Sevilha. Em 1615 voltou de Lisboa acompanhado de Diogo de Campos Moreno, seu tio, que fora a Portugal, de acordo com as tréguas assinadas entre franceses e portugueses no Maranhão, e de Bento Maciel Parente. Retorna à luta neste mesmo ano contra os franceses.

Alexandre de Moura, que impusera o domínio português no Maranhão, tomando posse do forte de São Luís lhe dá, em 1616, o regimento de capitão das terras do Cumá e Caeté. Pouco ficou nessas terras e saindo da barra do Cumá foi novamente arrastado a São Domingos, donde partiu comandando um dos navios que iam à Espanha. Atraído pelos franceses foi aprisionado e conduzido a Dieppe, depois de sangrenta luta, onde morreram 19 dos 21 homens que conduzia, recebendo 23 ferimentos e perdendo uma das mãos. Libertado, veio para Portugal e daí voltou com a mercê da capitania do Ceará, por dez anos, desde 1619. Seu governo estendeu-se até 1631, tendo em 1624 e 25 derrotado corsários holandeses. De 1631, quando veio socorrer Pernambuco, tão poderosamente atacado, até 1648, quando lhe deram um substituto, combateu os holandeses, como "um dos campeões da restauração" daquela capitania, como mestre de campo das forças militares. Ou porque as fadigas da guerra o trouxessem alquebrado, ou porque repugnasse ao seu caráter de soldado a hipocrisia das autoridades superiores, que estavam a fomentar e a atiçar a reação pernambucana e, ao mesmo tempo, a renegá-la perante o inimigo diante das Cortes Europeias, o fato é que Martim Soares Moreno, que se gabava de ter degolado mais de 200 vidas francesas e holandesas, abandonou o campo de ação antes de finalizar a luta, escreveu o Barão de Studart.

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