História da História do Brasil, 1ª parte: Historiografia colonial

"E assim desapareceu da cena uma das figuras de guerreiro mais heroicas da História brasileira", como disse Rodolfo Garcia.

Mas esse homem tão bravo nas lutas contra os estrangeiros soube compreender e realizar cabalmente as ideias de D. Diogo de Menezes, de que a conquista da terra e do gentio "não se devia fazer pelas armas, mas por invenção e manha; o gentio se defendia fugindo de nós, fazendo que a falta das cousas nos desbaratasse; fosse moderada a força para não espantá-lo". Ele soube sempre conservar a amizade indígena, aprendeu a língua, adaptou-se a seus costumes e hábitos. Por tudo isso cresce de valor a Relação do Ceará, escrita por volta de 1618, quando relatava ao Rei seus serviços.

Martim Soares não se ufana da terra, onde "tudo são areais desertos", mas reconhece que ela "tem muito sal de salinas que a natureza cria, muita abundância de ostras, muitos mariscos, tem muita caça, como é veados, toda a costa muito peixe, a melhor madeira, o melhor pau de tinta amarela e muitas frutas, as melhores do Brasil". Descreve as aldeias indígenas, as 22 nações tapuias de diferentes línguas e propõe as medidas necessárias ao bem e à conservação da colônia. É pena que a Relação de Martim Soares seja anterior ao seu governo estável de 1619 a 1631, quando, melhor conhecedor da terra, da gente e do desenvolvimento de sua obra, poderia ter-nos deixado uma descrição mais exata e completa(14). Nota do Autor

3. Diogo de Campos Moreno

Diogo de Campos Moreno era natural de Tanger, possessão portuguesa, cedida à Inglaterra pelo Tratado de 1661, e nasceu provavelmente em 1566, pois em 1603 declarava ter 37 anos(15). Nota do Autor Militou nas guerras de Espanha contra os Países Baixos e veio para o Brasil, chegando a Pernambuco em 1602. Logo depois do ataque de Paulo van Caarden à Bahia, de 20 de julho a 28 de agosto de 1604, foi incumbido de tratar em Espanha da defesa da Bahia, da fortificação de Pernambuco e da conquista da costa leste-oeste (Maranhão). Partiu nesse mesmo ano e voltou em 1606 com ordem para as fortificações, mas sem que lhe deferissem as propostas do Maranhão. Em 1611 foi ao Rio Grande para informar sobre o que convinha à jornada e em 1612, em Madrid, recebia ordem de el-rei de embarcar para Lisboa. Em 1613 recebeu novas ordens e seguiu para o Recife, onde chegou a 26 de maio de 1614, no governo de Gaspar de Sousa. Obrigado a lutar na campanha, o que procurava evitar por motivo

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