História da História do Brasil, 1ª parte: Historiografia colonial

do Sul, último dos domínios portugueses; a décima oitava sobre Minas e começa tratando dos paulistas, referência elogiosa assinalada já na parte da historiografia dos emboabas.

A décima nona trata do Ceará Grande; a vigésima do reino animal, vegetal e mineral; vem depois uma carta não numerada, dirigida a Patufilo, na qual Vilhena se refere às vinte cartas anteriores endereçadas a Filipono e que precede os desenhos e mapas que acompanham o livro; a vigésima primeira, descoberta e publicada depois por Brás do Amaral, foi na edição Itapuã colocada no seu devido lugar. Ela descreve S. Paulo e é acompanhada da descrição da viagem que o Conde de Azambuja D. Antônio Rolim de Moura Tavares fez para tomar posse do governo de Mato Grosso (1751-1762), como primeiro governador.

A vigésima segunda trata de Alagoas, Pernambuco e Paraíba; a vigésima terceira de Goiás e a vigésima quarta é sobre a política portuguesa na América. Esta é a mais importante carta porque nela ele se apresenta como o patriota que anota lembranças e defende os interesses da Nação, diz ele, e não do Reino. Fala da população, de seu crescimento, das grandes propriedades, os prejuízos causados pelas Sesmarias, a Ociosidade, os escravos, a opressão ao escravo, os índios. Segue-se um plano de Reforma, a começar com uma lei agrária, a necessidade das feiras, da imigração de colonos, das relações senhores e escravos, do recrutamento, liga a ociosidade à pobreza e à falta de trabalho, o peso da sustentação do exército, a aprendizagem do militar e dá um catálogo das nações de índios, com seu número, nome, habitações e costumes.

Antes do catálogo ele declara ter finalizado suas reflexões sobre a população, a agricultura, o comércio do Brasil e por consequência o de Portugal. Apesar do desequilíbrio entre o tratamento dado à Bahia (15 cartas) e as demais capitanias, especialmente considerando não ser mais a Bahia a capital desde 1763, o livro é um dos maiores que se escreveram sobre o Brasil colonial, pela capacidade de exposição, pela reflexão política, social e econômica feita por um professor reinol sobre a colônia e seu papel em relação à Metrópole.

A historiografia brasileira não tomou conhecimento desta obra, e não incorporou sua informação e interpretação ao conjunto da história brasileira.

Depois de Brás do Amaral, a quem se deve o grande serviço de publicar a obra, e de comentá-la e anotá-la, e a Edson Carneiro, que preparou a segunda edição, só Soares de Mello, em 1929, tratando dos Emboabas,(145) Nota do Autor deu a Vilhena o crédito merecido e soube aproveitar-lhe a lição, louvou-o por sua sinceridade. "Um Saint-Simon, perdido na Bahia, notava, à socapa, furtivamente, os vícios da sociedade, os ridículos dos homens, as falhas políticas."

Afonso Rui louvou-lhe a simplicidade descritiva(146). Nota do Autor

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