Carlos Guilherme Mota dedicou-lhe um artigo mostrando que "nele encontra-se, ao mesmo tempo, o colonizador e o crítico da colonização. O que vale dizer: colonização em crise"(147). Nota do Autor
6. Alexandre de Gusmão
Alexandre de Gusmão (Santos 1695 - Lisboa 1753) estudou com os jesuítas, na vila de Cachoeira; aí tomou o nome de seu padrinho o 1.° Alexandre Gusmão (Bahia 1646 - Bahia 1724); distinguiu-se pela inteligência, engenho, capacidade e eloquência. Aos dezessete anos frequentava a Universidade de Coimbra, cursando cânones, interrompido para acompanhar o Conde da Ribeira Grande, D. Luís Manuel da Câmara, que se destacara nas campanhas militares com Espanha. Alexandre de Gusmão chegou a Paris com a embaixada em 1715 e durante quatro anos estudou as mais variadas correntes do pensamento político e filosófico e obteve o grau de Doutor em Direito Civil pela Sorbonne. Volta a Portugal em 1719 e depois de exame público incorpora-se à Universidade de Coimbra.
Seu irmão Bartolomeu de Gusmão gozava de grande estima na Corte e deve ter-lhe facilitado sua ascensão pública. Em 1720, com 25 anos, foi designado por D. João V para assistir ao Congresso de Cambray, mas logo foi adido à embaixada de seu irmão ao Papa, a qual durou sete anos e foi conseguido para o Rei o título de Fidelíssimo, tal como Católico era o de Espanha e Cristianíssimo era da França, e para o arcebispo da Bahia o título de Patriarca. O Papa Benedito VIII queria fazê-lo Príncipe Romano, e ele solicitou licença ao Rei, que lhe negou. Diz Cortesão, seu melhor biógrafo, que no trato dos cardeais, dos nobres, dos grandes artistas romanos, aprendeu toda a arte diplomática de seu tempo, completou sua aprendizagem de homem de Estado, e enriqueceu sua cultura.
De volta a Portugal foi admitido na Academia Real da História Portuguesa e como o seu antecessor, Antônio Rodrigues Costa, foi incumbido de escrever em latim a História do Ultramar. Esta admissão e o Discurso que pronunciou, mais que sua atividade como estadista e construtor do Tratado de Limites de 1750, é que impõem seu nome à historiografia brasileira.
Na Academia exerceu grande atividade e é nomeado um dos censores dos originais de autores que desejam publicar trabalhos sob os auspícios da Academia Real da História. Foi na própria Academia que ele propôs a nomeação de uma comissão encarregada de estudar a reforma e unificação ortográfica.
Nomeado conselheiro ultramarino, ele passa a conhecer todos os negócios públicos que envolviam a administração do Brasil.
Sua carreira política foi-se ampliando e entre 1735-37 Alexandre de Gusmão firmou seu nome junto a D. João V. Como escreveu Cortesão,