fizeram à Monarquia, premiando-os com a eternidade da fama ..." "com o exercício dos vossos escritos dispôs a sua Real Ponderação aperfeiçoar e avivar entre os seus estudos, que é o da composição das Histórias, e esperamos ver-se tão bem logrado este fim, que possam os futuros historiadores tratar dignamente o largo assunto que lhes darão para escrever as gloriosas ações de seu Reinado..." "Quanta capacidade se requer para saber entre a variedade de objetos, com que a pena há de encontrar nesta composição, separar o proveitoso do supérfluo, o pio do supersticioso, o agradável do insípido, o certo do duvidoso? E que arte, que pureza, e que graça de dizer é necessária para depois daquele exame acertar em escrever o que se escolheu, com método e estilo correspondentes à execução da matéria? Quão judicioso convém que sejam os escritores, para divulgar as glórias da Pátria sem imodéstia, e para confessar também os desacertos com sinceridade, quando o principal ídolo da história, que é a verdade, pedir este sacrifício?"
Não era preciso ser nenhum Alexandre de Gusmão para dizer sobre a história os lugares-comuns que acabamos de ler.
É representativo de seus preconceitos o "Juízo, e cálculo em geral sobre a genealogia dos que eram tidos por Puritanos; (puros de contato judaico) pelo qual fica destruída a errada opinião que eles concebiam da absoluta desinfecção de parentesco dos seus descendentes com os Judeus"(154). Nota do Autor
Faz um engenhoso cálculo sobre o número de avós que cada um de nós tem e afirma que somam 32.530.432 avós em vigésimo grau por todos os lados, todos existentes, ou ao menos contemporâneos, dando a cada geração trinta e um anos; assim o vigésimo grau deita ao princípio de Portugal, que incluía parte da Galiza, as províncias d'Entre-Douro e Minho, Trás-os-Montes, e Beira até o Mondego, que para baixo tudo era de Mouros, e se contavam setenta a oitenta mil pessoas de todos os séculos. Duvida que todos sejam puros, pois não havia Santo Ofício, nem Mesa da Consciência.
"O certo é que no princípio do nosso Reino havia Mouros convertidos, havia cristãos, e havia judeus, e que todos não faziam o número de cem mil."
É uma crítica ao puritanismo religioso cristão e relembra que em 1492 foram todos os judeus expulsos de Castela e a maior parte deles passou a Portugal, onde também os havia, vivendo todos no erro da sua crença. Em 1497 D. Manuel obrigou a que se batizassem ou saíssem do Reino; muitos se batizaram de que se originou a diferença de cristãos-novos, e como os que se expulsaram eram em grande número, temeu o Rei que lhe fizessem falta no Reino e para remediar mandou que todas as crianças que não passassem de sete anos, se lhes arrebatassem, para que instruídas na fé e batizadas remediassem para o futuro a falta de gente.