Novo Mundo nos trópicos

em permanentes observações não só no ambiente brasileiro, mas ainda nos grandes centros que frequentou.

Ao pessimismo das gerações anteriores, que se julgavam condenadas ao malogro pela sua condição de membros de um país tropical, vem sucedendo um arrebatamento, um orgulho, uma confiança — e, diz o autor, uma certa volúpia "de procurar ver essa sua condição e essa realidade para além das fachadas como que oficiais que a vinham escondendo dos seus olhos".

Os termos "tropical" e "mestiço" — que desestimulavam outrora os brasileiros — não desapontam mais qualquer estudioso. "Pela sua tropicalidade e pelo caráter mestiço da maioria dessa sociedade e do essencial nessa cultura, vem o autor procurando destacar, nessa formação, nessas origens, nessas possibilidades, além do positivo, o válido; e, além do válido, o valioso." "Quanto à relativa benignidade nas relações, no Brasil, entre os vários grupos étnico-culturais", chegou o autor a animadoras conclusões: "São grupos que, interpenetrando-se, vêm concorrendo, através de considerável mobilidade social, quer horizontal, quer vertical, para favorecer, nesta parte da América, sob a forma de uma civilização moderna em ambiente tropical, uma democracia, uma democracia dinamicamente étnico-cultural com o mérito pessoal tendendo, cada vez mais, a superar desvantagens tanto de etnia quanto de classe que possam prejudicar indivíduos; sua ascensão social ou socioeconômica; a afirmação dos seus talentos; a utilização de suas possibilidades".

O autor destaca, pois, dois fenômenos da formação brasileira: a ascensão dessa espécie de mestiços ("e, menos ostensivamente, de indivíduos e de grupos ainda de etnias puras e de condições cultural e socialmente desprestigiosas, agora já, em parte, reabilitados") e a "crescente tropicalização de valores, de técnicas e de usos, na sociedade e na cultura brasileiras, provenientes de civilizações europeias".

Verifica-se hoje no Brasil uma revolução nos estudos sociológicos, crescentemente situacionais ou ecológicos, como à margem desses estudos, valorizando o que na sociedade brasileira é tropical, ecológico, não europeu, inclusive com relação ao tempo. Mas, observa em seguida: "O Brasil de agora não é um país de gente antieuropeia". "Mas há um orgulho novo" — "O orgulho do que é tropical na sua morenidade de vários graus, na música de vários tipos, na sua culinária", "orgulho também, da mesma espécie sociologicamente válida, do que supõem venham

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