Novo Mundo nos trópicos

a ser projeções, no futuro, desses seus valores tropicais e mistos de agora".

O problema, conclui o autor, é o de americanizar-se, africanizar-se, tropicalizar-se sem desispanizar-se, deslusitanizar-se ou deseuropeizar-se; o de modernizar-se sem desispanizar-se ou deslusitanizar-se ou desbrasileirar-se; o de tecnocratizar-se sem desispanizar-se ou deslusitanizar-se ou desbrasileirar-se; "o de atualizar suas tradições suscetíveis de atualização — inclusive sua tradição de lazer, de ócio, de tempo desocupado, para o qual se acham despreparados tantos povos progressistas, até agora ativistas, e já vítimas de uma sobrecarga de tempo desocupado que precisam de aprender com hispano-tropicais — principalmente, talvez, com brasileiros — a transformar em tempo lúdico contemplativo, recreativo, inútil".

Daí a distorção, já denunciada também por sociólogos estrangeiros, dos estudos em que o desenvolvimento é encarado do ponto de vista unilateral econômico, considerando-se como único índice válido o produto per capita — identificado com o "progresso humano". Nem a economia nem a sociologia podem pretender-se suficientes para essas análises e interpretações.

Aqui está uma séria contribuição para a formulação de uma antropologia do homem no trópico — que vai da antropologia biológica à filosófica, situado além do simples desenvolvimento econômico e independente do mito do progresso contínuo.

A conclusão final deste estudo sintético é, no seu conjunto, otimista. Longe do velho refrão do "país perdido", surge um Brasil dotado de uma estrutura social capaz de colocá-lo na vanguarda do mundo que se anuncia. E isto não por um superado ufanismo, mas por uma visão lúcida das condições favoráveis de nossa formação, que superaram suas deficiências.

AMÉRICO JACOBINA LACOMBE

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