Novo Mundo nos trópicos

seus críticos — o felizmente, naqueles dias, ainda vivo e lúcido João Ribeiro, que tanto o louvou — ser um livro sem conclusões: "não conclui". Crítica que lhe fez também o insigne escritor Ribeiro Couto: chegara, desapontado, à última página do mesmo livro sem ter encontrado conclusões. De onde seu reparo a lápis vermelho: "Que propõe?"

O autor estava então, de fato, em fase principalmente analítica ou indagadora, em face do assunto já, naqueles dias, de sua máxima preocupação: o Brasil como país — e como cultura — situado em espaço, quase todo, tropical; o Brasil como cultura, quase toda, mestiça: eurotropical, hispanotropical, lusotropical; o Brasil como gente ou povo quase todo mestiço: mestiço de branco e ameríndio; mestiço de branco-ameríndio-africano. O que mais buscou naquele livro foi analisar, compreender, fixar sob nova perspectiva uma situação complexa da qual, como brasileiro, se sentia parte e sobre a qual, como antropólogo e como sociólogo e um tanto historiador, se sentia no dever científico de ser, quanto possível, objetivo. Daí uma perspectiva empática, ao mesmo tempo que objetiva, de análise. Um tanto, já, de análise interpretativa. Mas não ainda de síntese, propriamente dita; nem de conclusão. Nem mesmo de sugestões, menos, ainda, de proposições.

Esta outra perspectiva do mesmo assunto só a vem tentando aplicar àquele sujeito-objeto de estudo em trabalhos mais recentes; e à base de um possível saber acrescentado daquela vivência que só se adquire com a experiência, com a intimidade, com a crescente combinação de empatia e de objetividade. Daí conclusões a que, sobre essa base, se tem aventurado.

Desse modo é que se vêm alongando sua possível ciência de analista e sua possível arte de observador do comportamento humano, em geral, e do brasileiro, em particular, numa também possível filosofia. E essa filosofia — se existe — implicaria já um pequeno conjunto, e até uma suma, senão de sínteses ou de conclusões, de sugestões ou de interpretações. De interpretações e de sugestões com alguma coisa de sínteses e de conclusões: as que estão à base da justificativa que, do ponto de vista brasileiro, o autor vem oferecendo para a formação de uma Tropicologia geral dentro da qual se desenvolvessem uma Hispanotropicologia e uma Lusotropicologia para estudos específicos de situações humanas, também específicas, condicionadas por ambientes ou por influências tropicais. Quer situações gerais, quer situações que se apresentem sob aspectos simbióticos — o hispanotropical e, especialmente, o lusotropical — particulares.

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