Novo Mundo nos trópicos

Essa filosofia vem sendo discutida: aceita por uns, impugnada por outros. E é natural que assim aconteça desde que não lhe faltam projeções políticas que se chocam com expressões de sociologias ou de antropologias intituladas "objetivas", ou com pretensões a "estritamente científicas" e, como tais, neutras. Neutralidade que, quase sempre, vem significando a manutenção de um status quo ou o desenvolvimento de uma dinâmica que associem objetividade com umas tantas projeções políticas dessas mesmas sociologias, ou antropologias, ditas "objetivas" ou "científicas". O certo é que essa objetividade, ou cientificidade, o que vem é principalmente correspondendo a interesses econômicos, de status quo, ou ideológicos, de dinâmica, que em grande parte vêm representando, uns e outros, imperialismos de potências não tropicais com relação a espaços, recursos, populações e culturas tropicais. Daí se arrepiarem os campeões dessa "objetividade" e dessa "cientificidade" em face de sociologias e de antropologias que, alongando-se em filosofias dessas ciências, levantam novas perspectivas de situações tropicais e, sobretudo, de relações dessas situações, entre si, e com as atuais potências não tropicais.

A verdade, porém, é que não vêm faltando entre europeus e anglo-americanos sociólogos e antropólogos de um novo tipo para os quais situações não europeias e não anglo-americanas, em geral, e tropicais, em particular, são situações humanas, em geral, socioculturais, especificamente, que, pelos seus condicionamentos ecológicos, se apresentam de tal modo diferentes das tidas ou havidas por outros sociólogos e antropólogos europeus e anglo-americanos — principalmente os psicanalistas e os marxistas também ortodoxos — como universais, que exigem análises novas, estudos novos e, à base dessas análises e desses estudos, reinterpretações em profundidade. Recordem-se, dentre os sociólogos e antropólogos que, europeus ou anglo-americanos, vêm, entretanto, reconhecendo a necessidade dessas novas análises e dessas reinterpretações, um Boas e um Malinowski, um Redfield; e, dentre os atuais, um Balandier, um Berger, um Duvignaud, um Tannenbaum, um Roger Bastide, um Mason. Dentre os não europeus: um Mukerjee, já antigo, e, dentre os atualíssimos, um Takder.

O fenômeno de socialismos como os que vêm aparecendo na África e no Oriente, diferentes dos europeus e até em oposição a esses europeísmos socialistas, como o russo-soviético, vem sendo precedido por umas como revoluções sociológicas no mesmo sentido, em que antropólogos e sociólogos de países tropicais estão se constituindo filósofos dessas ciências com o propósito de abrirem aos estudos cientificamente antropológicos e sociológicos,

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