Novo Mundo nos trópicos

assim, a trajarem de acordo com o clima tropical, isto é, a reduzirem o vestuário caseiro a um mínimo higiênico. Na verdade, àquela gente poderia ser atribuído o crédito de ter "humanizado" o vestuário — o caseiro, apenas, é verdade, para os trópicos, a despeito do fato de continuarem a copiar passivamente os trajes europeus para uso externo, em funções públicas, sofrendo — o que viria a suceder no nosso próprio século — o martírio das cartolas, das sobrecasacas e das peles para senhoras.

Hábitos tropicais — hábitos característicos de nativos dos trópicos — já seguidos pela população indígena, e pelos africanos importados para o Brasil, desde o início do século XVI, como dormir em redes, usar vasilhame de barro para manter a água fresca e cozer o peixe em leite de coco, foram alguns deles adotados e melhorados pelos portugueses e seus descendentes no Brasil. Assimilaram eles vários costumes, estilos de vida e valores nativos. Devido a essa sua atitude, a sua arte em combinar valores civilizados com indígenas, conseguiram, talvez mais do que qualquer outro povo de origem predominantemente europeia, adaptar sua civilização aos trópicos. Fizeram de uma considerável área tropical lugar no qual atualmente florescem, adaptados aos trópicos, valores europeus e onde homens de cultura europeia podem viver, gozar a vida e prosperar.

Em cidades como o Rio de Janeiro e Santos, os brasileiros derrotariam dois terríveis inimigos tropicais dos europeus: a febre amarela e a peste bubônica. O Instituto Oswaldo Cruz do Rio tornou-se um dos maiores centros de estudos contra as doenças tropicais. Nas áreas mais rústicas, os perigos da malária e da ancilostomíase estão sendo dominados; e no Instituto Butantan de São Paulo, cientistas brasileiros, seguindo o exemplo do Dr. Vital Brasil, vêm lutando há longos anos contra os venenos de cobra com soros cuidadosamente preparados, que se tornaram modelos para outros países.

Estas grandes vitórias brasileiras na humanização dos trópicos vêm contribuindo muitíssimo para destruir a ideia europeia de serem tais perigos inseparáveis das condições de vida nas regiões tropicais. Os triunfos brasileiros nesse setor e em escala continental têm assim um largo interesse humano e não apenas nacional.

O segredo do sucesso do Brasil em construir uma civilização humana, predominantemente cristã e crescentemente moderna, na América tropical vem da capacidade do brasileiro em transigir. Enquanto os ingleses, mais do que qualquer outro povo, possuem tal capacidade na esfera política — seu sistema político é magistral

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