aumento dos seus bens e a inserir-se no processo de integração humana com que se ligavam, e aos seus descendentes, ao Novo Mundo em que decorria a sua existência.
O que se conhece da Administração filipina, pelo menos até 1625, não permite defender que tenha havido o determinado propósito, dos monarcas de Espanha, de sacrificar ou mesmo retardar o crescimento do Brasil português. Pelo contrário. O interesse ultramarino dessa Coroa também se localizava na América do Sul, na mesma zona geográfica em que o Brasil assentara as suas fronteiras, e as medidas régias para o governo do Império espanhol tinham uma natural incidência nessa província da Coroa portuguesa. Pela costa do Brasil passavam as frotas espanholas a caminho do Rio da Prata, abrindo-se linhas de comércio entre as duas regiões; o número de castelhanos que se fixaram no Brasil aumentou a partir de 1580; e embora a legislação respeitante à América espanhola se fixasse na linha tradicional de uma política que, em muitos pontos, não coincidia com o espírito da legislação portuguesa, forçoso é reconhecer que houve sempre manifesto interesse da Coroa em estimular o surto histórico do Brasil.
Esta terra representava, para o primeiro Filipe, uma defesa atlântica do seu Império, a barreira geográfica que o protegia da acometida dos corsários, sendo evidente que a manutenção do Brasil constituiu sempre uma linha política dos governantes espanhóis. Com o auxílio militar da Coroa, a que se impõe juntar a bravura dos moradores portugueses e o apoio de muitas tribos nativas, a ameaça francesa no Maranhão pôde ser vencida, ao redor de 1615. E quando, alguns anos depois, surgiu a invasão dos holandeses que levou à conquista de Pernambuco (1630) e depois, gradualmente, de cinco capitanias ao norte do rio S. Francisco (1641), então o futuro do Brasil português correu perigo.
A Coroa espanhola não auxiliou os moradores como se lhe impunha, mas a Espanha já não tinha no tempo a grande força de outrora, porque se batia na Guerra dos Trinta Anos, contra franceses e suecos, e nos mares do Atlântico, onde tinha de enfrentar o crescente poderio naval das Províncias Unidas. Os problemas de defesa que então se levantam no Brasil não eram propriamente devidos ao abandono a que a Espanha teria votado o Império português, mas à ruinosa crise que afetava, de igual