tratasse de impor no Brasil a sua realeza, mas tão somente de convencer os donatários de que nada lhes valia recusar o fato consumado.
Por tal motivo, o monarca parecia hesitar entre um homem com foro de fidalgo e uma "pessoa menos própria" a enviar ao governador, mostrando-se inclinado a que fosse este a transmitir a notícia do sucesso aos restantes Capitães. Repare-se na habilidade política do rei de Espanha, querendo manter o aspecto legal da sua ascensão ao trono, no respeito pela hierarquia governativa do Brasil: Lourenço da Veiga deveria ser o primeiro a ter conhecimento do fato. No entanto, não desejando levantar qualquer atrito com o autor da "lembrança", Filipe II remetia a solução do caso ao Conselho: "o que se assentar na mesa será o melhor".
Em fevereiro de 1581 ainda não se tomara uma decisão quanto ao assunto, mas fora já afastada a hipótese de João Mendes de Vasconcellos ser o incumbido da missão. Por esse tempo D. Antônio, Prior do Crato, continuava ainda escondido em Portugal, o que causava embaraços à realeza de Filipe II; e enquanto esse problema não estivesse resolvido, não podiam os adeptos do novo rei dormir tranquilos. A busca do paradeiro de D. Antônio em conventos e solares, e nos lugares mais recônditos do reino onde constava que ele tinha os seus fiéis partidários, constituía a preocupação única dos cortesãos de Filipe II. E a solução do caso brasileiro chegara a um ponto morto.
Sugeriu-se, depois, o envio às partes do Brasil do capitão Frutuoso Barbosa, e foi o próprio monarca, em carta de 20 de fevereiro de 1581, a D. Duarte de Castelbranco, quem ordenou a imediata partida deste mensageiro. Deveria Barbosa socorrer a região da Paraíba — "povoação muito importante por ser escala de corsairos" — e seguir para o Salvador, ao encontro de Lourenço da Veiga, para o governador mandar proceder à aclamação nas várias capitanias.
Frutuoso Barbosa foi, na verdade, o portador da missiva régia, mas sucedeu que tendo aportado ao Recife, na esquadra com destino à Paraíba, uma tormenta veio a desgarrar os navios, obrigando-o e aos seus companheiros a regressarem a Lisboa (8) Nota do Autor;