e ainda que as cartas de Filipe II houvessem chegado a Pernambuco, o fato de aquele portador não haver seguido para a Bahia, decerto contribuiu para o fracasso da missão. Refere ainda a "lembrança" que o nome de Fernão da Veiga, filho do governador, foi depois indicado como "o da pesoa que tem as callidades e partes necessairas ao neguoceo que vay fazer" (9) Nota do Autor. Conseguiria o filho, que já abraçara a causa dos Filipes, convencer o progenitor de que era inútil resistir perante o fato consumado da realeza espanhola? Mas a partida de Fernão veio a ficar sem efeito porque, entretanto, chegou a Lisboa a notícia da morte de Lourenço da Veiga, ocorrida na Bahia, em junho de 1581.
A conjectura parece evidente, pois a nomeação de Manuel Teles Barreto, em 10 de novembro seguinte, obriga a aceitar que a Corte estava já informada da vacatura do cargo (10) Nota do Autor. E enquanto o novo governador não seguia a caminho do Brasil, o monarca enviou cartas, em 18 de novembro, à Câmara do Salvador, ao Ouvidor-geral do Brasil e às autoridades da cidade, ordenando que ali se procedesse à sua aclamação: "e se no seu alevantamento e juramento falltava algua solenidade por fazer que se lhe fizese" (11) Nota do Autor. É de crer que, não estando devidamente informados da situação política do reino, os membros da governação houvessem tomado uma atitude de cautela perante as novas que davam Filipe II como instalado no trono de Portugal. Mas as cartas do monarca esclareciam por completo a situação no reino.
Por tal motivo, a Câmara do Salvador — na pessoa do Juiz ordinário Francisco Fernandes Pantoja, dos vereadores Antônio da Costa, Fernão Vaz e Gabriel Soares de Sousa, do procurador João Ribeiro e do escrivão João Pereira — reuniu-se em 19 de maio de 1582, prestando juramento ao novo monarca e marcando o solene ato de aclamação para o dia da Ascensão, em 25 de maio. Instruções foram enviadas, sem demora, ao prelado D. Antônio Barreiros, ao Alcaide-mor e a