outras pessoas do governo, que estavam ausentes, para que, na referida data, se juntassem na Câmara, como na realidade sucedeu (12) Nota do Autor. O Brasil abraçara a causa de Filipe II.
O Prior do Crato e o Brasil
A província de Santa Cruz poderia ter desempenhado um papel decisivo na crise de 1580, se D. Antônio houvesse tido uma visão ultramarina do problema e não apoiasse apenas, no jogo político das Cortes europeias, os seus direitos à Coroa. Mas procuremos ser justos na apreciação do seu comportamento. Seria exigir demasiado do infeliz Prior que ele erguesse a sua pretensão no quadro global do Império português, pois à luz do ideário político do tempo a posse de uma Coroa era, sobretudo, a autoridade fixada na Metrópole. Claro que a fidelidade das colônias não devia ser posta de lado, em especial, pelas linhas comerciais que mantinham a vida econômica do reino. Mas as vantagens de uma "resistência" ao inimigo a partir de uma terra ultramarina ligada à Coroa, ainda no ano de 1580, era uma concepção demasiado moderna para caber na mente do Prior do Crato.
E, no entanto, a solução chegou a ser encarada. Poucos dias antes da batalha de Alcântara, quando começava a tomar vulto a certeza de que a Coroa estava perdida, um dos mais fiéis adeptos de D. Antônio — o governador de Lisboa, D. Pedro da Cunha — teria sugerido ao rei fixar o seu domínio nas terras do Brasil, obtendo aí a futura adesão das outras potências e a reconquista do reino. Navios estavam preparados para quem o quisesse seguir ao Brasil, "país cuja vastidão e riquezas eram as que naquele tempo se sabiam e onde poderia conservar o título de Rei de Portugal” (13) Nota do Autor. Mas D. Antônio, que ainda confiava no novo milagre de Aljubarrota, não quis seguir "tão bom e magnífico conselho", e alguns dias mais tarde a derrota de Alcântara veio demonstrar-lhe que não era bastante a chama do patriotismo para vencer a força militar do duque de Alba.