Do Brasil filipino ao Brasil de 1640

conde fez a vontade ao rei e mandou convocar uma Junta, em Lisboa, de que era presidente o conde de Castelo Novo e adjuntos Tomás Calderon e os doutores João Pinheiro e Cid de Almeida (31) Nota do Autor.

Corresponder a um pedido régio para a entrega de dinheiro, mesmo quando se trata de uma medida de salvação pública, nem sempre é bem recebido pelos detentores da riqueza. A tendência normal para encobrir a fortuna própria segue-se um processo de retardamento na prestação a cumprir, mesmo quando há interesses materiais que se impõe com urgência defender. Por tal motivo, não causa espanto que os homens de cabedal de Lisboa e do reino tenham invocado a conjuntura do tempo para se eximirem a uma contribuição monetária que os poderia arruinar.

Vemos assim os financeiros e negociantes de Lisboa a manifestarem a sua apreensão pelo fato de a conquista de Pernambuco os ter seriamente prejudicado; e a pedirem ao Desembargo do Paço que lhes fosse dilatado o prazo para o pagamento das letras. O monarca responde-lhes que a dilação não poderia exceder a que já fora concedida na ocasião da perda da Bahia (32)Nota do Autor. Mas a Coroa teria de aceder ao pedido, dado que da parte dos homens de negócio vinha a ajuda mais substancial para as despesas da nova jornada.

Não pode, a este propósito, deixar de se invocar um valioso documento, já publicado por Pedro de Azevedo, e que permite conhecer o nome dos mercadores e financeiros de Lisboa e a quantia com que cada um acorreu para o socorro da frota (33)Nota do Autor. O total perfaz 21 contos e 138 mil-réis. E não eram os homens mais ricos do reino, porque os de maior fortuna haviam emigrado e os que estavam ligados à Nobreza não tinham sido incluídos no rol, por entender a Junta de Fazenda que não se lhes devia pedir mais sacrifícios.

Mas havia também os mercadores estrangeiros, "os quaes se podiam reputar por naturaes", já que muitos tinham casado em Lisboa ou no reino e, à sombra da proteção das leis portuguesas, viam seus negócios a prosperar. Desses comerciantes se poderia dizer, com igual razão, que "estavam afazendados de bens de raiz" e deviam contribuir para o socorro de Olinda, sem embargo dos seus privilégios; aliás, quando se tratou da ajuda à

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