Do Brasil filipino ao Brasil de 1640

IV torna a insistir com o conde de Basto para que este se dirija às Câmaras locais "mostrando o estado em que se acha o Brasil e que era preciso acudir-lhe sem demora" (47)Nota do Autor. Que se procurasse o concurso de soldados, de preferência voluntários, e crescendo o número deles que não houvesse tardança na partida da frota.

Desde o início de 1634 que encontramos um grupo de soldados napolitanos, em número de 500, alojados em Tavira à espera do embarque. Comandava-os Hector de la Calle, Sargento-mor, que procurava vigiar o comportamento dos homens, de modo a não haver inquietação da parte das gentes da terra (48)Nota do Autor. Em 17 de novembro desse ano, o capitão Jerônimo de Faria pedia licença ao monarca para levantar uma companhia de infantaria e embarcar na armada de socorro (49)Nota do Autor. Levantou dúvidas o fato de o impetrante se intitular "capitão", quando esse registro não constava nos livros régios. Mas o Provedor dos Armazéns, Rui Correia Lucas, esclarecia o monarca que havia muitos soldados, vindos das ilhas, de quem não se podia tomar registro, o que bem podia ser o caso de Faria.

Conhece-se uma carta de Filipe IV, com data de 10 de junho de 1634, em que o monarca se mostra desanimado com as coisas do Brasil, cujo socorro não podia sofrer dilação. Se a armada não partisse com brevidade, no mesmo verão, "o Brasil se perderá de todo, como de lá se avisa" (50)Nota do Autor. O bispo D. Pedro da Silva escrevera para a Corte, mostrando a necessidade de a armada partir rapidamente, em direção à Bahia, pois os moradores e homens de negócio viviam em grande inquietação (50A)Nota do Autor. E a aflição do rei deve ter aumentado quando recebeu avisos da Flandres, do marquês de Antona, de que se aprestavam ali 14 navios com 300 peças de artilharia para reforço de Pernambuco (51)Nota do Autor. Daí a carta que, em 30 de novembro de 1634 o monarca envia ao Provedor dos Armazéns, em Lisboa, dizendo: "se as armadas fossem antes da Olanda, se poderia recuperar Pernambuco por estar falto de socorros". O êxito militar dependia apenas da oportunidade. A esquadra portuguesa devia chegar ao Brasil antes da flamenga "para evitar que o holandês acabe de senhorearse do brasil".

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