com exatidão os meios de combate do inimigo. A carta fornece ainda a nota curiosa de "o furioso combate" ter sido "à vista de toda a gente da Bahia", presenciando-o mais de duas mil pessoas, em armas, dispostas a auxiliar a nau em perigo e congratulando-se depois pela vitória que esta alcançara.
A recepção que lhes foi dispensada na Bahia, a outorgar-se crédito a Raynard, foi quase triunfal, sendo os franceses recebidos com salvas de artilharia e com protocolo idêntico "ao que se dispensava ao governador quando vinha de Portugal". Da parte das autoridades e do povo receberam provas de regozijo pelo êxito que tinham acabado de alcançar. E segundo La Roncière, baseado em testemunho que não indica, o governador Diogo Luís de Oliveira mandou executar um quadro a óleo comemorativo do combate e colocou-o no seu palácio. Não reunimos elementos para comprovar esta asserção, embora nos pareça que houve manifesto exagero da parte de Raynard, ao salientar o acolhimento que a ele e aos seus camaradas foi dispensado.
No porto da Bahia estavam ancorados, nos fins de setembro de 1634, uns 80 navios que tinham abastecido o comércio local e que, havia dois anos, aguardavam ordem para regressar aos seus portos de origem. Perante a ameaça do bloqueio da cidade, essas naus demoravam a partida. Não se entrevia, pois, a perspectiva de um negócio rendoso para os franceses e Raynard lamentava não ter podido antes desembarcar num porto da costa de Pernambuco, "onde as mercadorias se vendiam duas vezes mais do que na Bahia". Pelo testemunho de Laet sabe-se que, por esse tempo, estavam fundeados naquele porto uns 50 a 60 navios de comércio, mas o governador opunha-se à saída de qualquer barco. "Reinava lá a maior miséria, pela grande falta de tudo", escreve Laet (65) Nota do Autor. Mas.houve uma esquadra portuguesa de 24 navios, bem carregados, que conseguiu sair da Bahia sob a proteção de uma nau capitânia de 36 bocas de fogo. E os barcos de patrulha não ousaram atacar a frota que assim se libertava do bloqueio.
Ainda como dado de interesse, na carta de Jacques Raynard, retenha-se que se aguardava a chegada do novo governador "e que o velho se embarcaria numa esquadra de 80 barcos, para regressar em segurança". Com efeito, foi em 1635 que