bela, como o atestavam ainda as minas provocadas pela ocupação holandeza"; e as casas religiosas dos jesuítas, dos observantes, dos carmelitas e dos beneditinos.
Um dos aspectos urbanos que mais atraíram o autor da Relação foi as duas fontes de água salgada para uso das gentes locais. Desejaria referir-se à fonte do Pereira, reformada no ano seguinte, e à fonte da Mãe de Água? E declara, em seguida, que "la ville et ses maisons toutes basties de pierres sont fort honnestes". Já no termo da Relação depara-se com uma outra alusão à Bahia, quando se evoca a enorme serpente que vivia no eremitério de Nossa Senhora do Desterro e que era objeto da curiosidade pública. Seguidamente o autor refere a beleza das ilhotas que se encontram à entrada do golfo, todas cobertas de luxuriante vegetação e que eram um local fadado para a pastagem dos gados bovino, cavalar e porcino, admirando-se por não encontrar burros e mulas para o transporte do açúcar.
Das uvas faziam-se três colheitas anuais e o seu licor era delicioso, ainda que se tratasse de uma bebida extremamente cara. O grande inimigo dessa colheita residia nas formigas que fortemente devastavam as vinhas, bem como as árvores frutíferas; e para defender as culturas impunha-se rodear o tronco das vinhas de um fosso de água para impedir as uvas de ser atacadas. Tratando depois, com mais largueza, da flora brasílica, o autor salienta as inúmeras culturas que a terra baiana oferecia. As árvores frutíferas mais espalhadas eram as laranjeiras e os limoeiros, que toucavam de formosa vegetação os arredores da Bahia, empoleirando-se mesmo nas velhas muralhas e enchendo o ambiente de doces perfumes; as figueiras de Adão; as mangarobeiras, de que destaca o gosto e a cor; o ananás que, para ser comido, era cortado em fatias e mergulhado em vinho, o que os franceses do tempo faziam com os pêssegos. Curioso ainda o que o autor refere sobre esse fruto que, comido em excesso por pessoas sofrendo de úlceras ou de certas feridas, tinha a propriedade de aumentar essas moléstias. Também as figueiras e os melões brancos lhe mereceram uma interessante referência.
O autor da Relation fornece uma notícia plena de interesse sobre a mandioca, cereal de que ignorava a existência, e explica depois o processo de cultura primitiva, por estacaria, empregado no Brasil para esse produto de cotidiana necessidade. Não difere muito a sua descrição da que Pero de Magalhães