Do Brasil filipino ao Brasil de 1640

a simpatia que lhe merece a triste sorte de D. Antônio e defende-o por ter renunciado a um direito que considerava nulo, porque inexistente. Dois anos depois, em 1854, ao publicar a primeira edição da sua excelente História geral do Brasil, Francisco Adolfo de Varnhagen decerto entendeu que lhe escasseava uma prova sólida para manter o asserto e, por isso, não mencionou a pretensa renúncia de D. Antônio ao domínio do Brasil (19) Nota do Autor. Mas vinte e quatro anos passados, o informe de Torsay veio a convencer um historiador da garra de Paul Gaffarel, que insistiu na compensação dada por D. Antônio a Catarina, do socorro que esta lhe iria prestar na defesa das ilhas açorianas (20) Nota do Autor. E Francisque-Michel, que escreveu uma obra de real conteúdo histórico, pela rasgada perspectiva com que encarou as relações luso-francesas ao longo dos séculos, fez também referência ao testemunho de Torsay, mas de maneira breve, como que a eximir-se de tomar uma posição que não se fundava em base autêntica (21) Nota do Autor.

Ao publicar, em 1910, o quarto volume da sua obra magna, o historiador da Marinha francesa, Charles de la Roncière, alargou os dados da suposição, fazendo entrar D. Antônio, convictamente, nos planos de Catarina de Médicis para a fixação dos franceses no Brasil (22) Nota do Autor. Com base no clássico argumento de Torsay, o autor trouxe ao problema quatro novas razões que supunha decisivas para fundamentar a tradição:

1°) Um mapa do Brasil, da segunda metade do século XVI, desenhado em França, com a indicação de vários lugares da costa brasílica e uma legenda: "icy est le point pour prendre à revers Rio de Janeiro".

2°) Uma carta do rei Henrique III ao Almirante Strozzi, de 7 de setembro de 1581, documento que já fora publicado pelo Visconde de Faria (23) Nota do Autor. Trata-se da carta de demissão de

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