O ataque dos holandeses ao Salvador
No dia 15 de abril de 1638 uma forte esquadra de 30 navios, 18 lanchas e outras embarcações, sob o comando de Maurício de Nassau, apareceu em frente da barra do Salvador (82) Nota do Autor. No dia seguinte, desviando-se dos fortes que defendiam o porto, a esquadra foi lançar ferro em frente da Piraja, três léguas ao sul, onde começou o desembarque dos soldados, em número de cinco mil homens: 2.500 soldados "velhos" da Holanda, 500 militares jovens e centenas de índios, negros e gente da terra. Era desejo de Nassau conquistar o Salvador por terra, julgando ser a tarefa mais fácil. Mas o conde de Bagnuolo, que já servira na guerra da Paraíba, veio colocar-se "à sombra da cidade", com 1.500 homens, onde se lhe juntaram o governador geral Pedro da Silva e centenas de homens do Presídio local.
O bispo do Brasil teve ação meritória na ajuda moral aos soldados e moradores. Ele próprio refere: "e eu no meyo de todos pera hir com eles, cortandose o coração ver as molheres e os fracos que choravão e chamavão por mim como que se eu fosse poderoso para os livrar". Mas por ordem do governador o prelado resolveu ficar na cidade, no exercício do seu múnus espiritual e pedindo os favores da Providência em cerimônias de tocante cunho religioso. Todos julgavam a terra perdida e era manifesto o desalento dos soldados perante a força numérica dos holandeses.
João Maurício ordenou às tropas que parassem no lugar de Água de Meninos, onde se entrincheirou, iniciando o bombardeio das fortificações. Mas os defensores ripostaram, causando severo dano ao inimigo. O chefe holandês decidiu então atacar durante a noite, mas em breve reconheceu que não havia desânimo na defesa. Para enfraquecer o moral dos habitantes do Salvador, manteve-se o fogo de artilharia que ia causando vítimas entre a população. Nas povoações ao redor faziam os holandeses um grande número de prisioneiros, roubando as