Do Brasil filipino ao Brasil de 1640

As relações com a Metrópole são patentes nas fontes do tempo: achamos naus portuguesas, vindas do Brasil, a comerciar com os grandes portos, como Lisboa, Porto, Setúbal e Faro, mas de igual modo com os portos de menos tráfego, como Atouguia da Baleia, Viana, Aveiro, Peniche e Buarcos. O papel histórico desses portos e as estradas de comércio que então mantinham com o Brasil foram já postos em relevo por Jaime Cortesão, que mostrou a vitalidade da economia portuguesa do tempo nos seus quadros de projeção ultramarina (91)Nota do Autor. Também as ilhas da Madeira, Açores e Canárias, surgem ligadas a esse tráfego comercial, recebendo os produtos daquela terra e para ali enviando as que serviam para abastecer o mercado do Brasil.

Não pretende esta obra traçar uma história econômica do Brasil no período que antecede a Restauração, mas apenas englobar dados históricos que permitam enquadrar o problema. Desta sorte, não se ignora que a produção açucareira subiu então a um ponto jamais atingido, pelo número de engenhos e pelo volume das cargas transportadas para a Europa. No ano de 1628, ao elaborar os documentos que constituem o apêndice dos Anais de D. João III, escrevia Frei Luís de Sousa que o Brasil contava ao redor de 235 engenhos (92)Nota do Autor; mas uma fonte do tempo eleva esse número para 346, tendo em conta os engenhos que o Brasil possuía no ano seguinte: Pernambuco, 150; Bahia, 80; Rio de Janeiro, 60; Paraíba, 24; Itamaracá, 18; Espírito Santo, oito; Ilhéus, quatro; e S. Vicente, dois (93)Nota do Autor.

A conquista de Pernambuco trouxe perturbações ao comércio com a Metrópole. Muitos engenhos sofreram apreciável dano com a invasão flamenga e não foram em pequeno número os colonos que viram a sua fortuna comprometida. Em fins de 1633 um certo Gaspar Pacheco queixava-se à Corte de que os holandeses, ,com a entrada que fizeram em Goiânia, lhe haviam queimado o seu engenho e mais de trezentas caixas de açúcar (94)Nota do Autor. Havia, pois, o justificado receio de que as cargas viessem a cair em poder das naus holandesas, o que trouxe uma diminuição no tráfico. O monarca deu ordem para que as esquadras de guerra dessem proteção "às frotas de açucares",

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