quando da viagem para o reino (95)Nota do Autor. E conhece-se o texto de várias consultas sobre as armadas a aprestar para a vigilância da costa, que deveriam, de igual modo, proteger dos piratas flamengos ou de outras nações os barcos que traziam para a Metrópole o açúcar do Brasil (96)Nota do Autor.

Filipe IV punha dificuldades à liberdade de comércio com o Brasil e ameaçava de sequestro as naus que não faziam a viagem em direitura. Em 1634 o Procurador da Fazenda proibia os navios idos do arquipélago das Canárias ao Brasil, levando vinho e trazendo açúcar, de se desviarem da rota direta com o reino, sob pena de sequestro. Conhece-se, a propósito, uma súplica de Clemente Pires Martel em que solicita do monarca o levantamento da dita pena, considerando que o aumento do comércio era um dos meios de se recuperar o Brasil e de expulsar os holandeses: "Sñor façase milagre em se sustentar o Brasil, e os mantimentos donde forem E os navios donde quiserem E pois V. M. os não pode socorrer não se lhos tire, quem ainda lhos vai mostrar que sam vivos e que inda ha quem os va tratar como gente que tem esperansa de Resusitar" (97)Nota do Autor. Levantar barreiras à liberdade de comércio com aquele Estado, com receio dos prejuízos que as naus poderiam sofrer se caíssem em poder dos flamengos, tornava ainda mais periclitante o futuro português do Brasil.

Exemplo frisante de que as linhas de comércio não sofreram um corte entre a Metrópole e o Brasil, no período mais intenso da dominação holandesa, pode encontrar-se no requerimento que em 13 de janeiro de 1638 foi dirigido ao monarca por Marcos Fernandes Monsanto. Tratava-se de um português morador em Sevilha, onde dirigia o Almoxarifado da Índia, e que era dono de dois engenhos na capitania do Espírito Santo. Não podendo fretar um navio no Brasil, para o transporte do seu açúcar para o reino, mandou construir um patacho em Viana do Castelo (98)Nota do Autor. Mas o envio desse barco para o Brasil teria de fazer-se em condições vantajosas, para que a operação comercial não fosse ruinosa para Monsanto. Por tal motivo, requeria do monarca que lhe fosse permitido levar para aquele