(que pretende negar o tempo, e a irreversibilidade da História) e do revolucionarismo, que postula um futuro construído no vazio. O conservadorismo, como seu irmão o progressismo, admite que a História é continuidade e, portanto, persistência. A questão, filosoficamente falando, é difícil, embora na prática, muita gente haja colocado bem o assunto, vivendo os fatos. O tempo é continuidade, e, como sabia Heráclito, irreversível - não podemos volver ao passado, nem ressurgir o passado. As restaurações e renascenças são possíveis, mas na medida em que reconheçamos o tempo: uma instituição, ideia, moda, estilo artístico, ou o que seja, pode volver a inspirar os homens de outra época, mas em bases completamente novas. Teoricamente, a restauração da monarquia no Brasil é possível; basta que ocorram circunstâncias que convençam os homens que dominam as alavancas do poder, da conveniência da solução. Mas, será algo muito diferente do que houve outrora, mesmo que se repita o êxito. Uma pessoa que, talvez, sonhe com a restauração pensando numa repetição do Segundo Reinado, ficará certamente decepcionada. O Império não volverá a repetir-se; teremos outra coisa, dentro das mesmas instituições políticas. Uma prova é que a restauração do regime democrático depois de 1945 deu-nos algo totalmente diverso do que fora a primeira República. Muita gente temia, ou desejava, o retorno de todos os estilos políticos anteriores a 1930, quando se prenunciava a queda do Estado Novo. O autor deste trabalho foi, certa vez, interpelado a respeito da possibilidade de um restabelecimento da "democracia pura" destruir a legislação de trabalho e previdência social. Desejou-se (ou temeu-se) isto nos idos de 1945... Volvendo ao tema do Império, não traria a restauração o Império patriarcal e conservador de D. Pedro II, mas muito possivelmente, um tipo de monarquia socialista em moldes escandinavos. Seria quando muito, o restabelecimento da Constituição de 1824, nunca a restauração da organização político-social vigente no ano da graça de 1863.
Isto vai a modo de exemplo, para fixar bem claramente a noção da História como continuidade e o tempo como um fluir homogêneo e constante. A História não é uma série de pontos independentes, uma sucessão caótica: é algo que dura