Os construtores do Império; Ideais e lutas do Partido Conservador

seria outra senão de consagrar, naturalizar, e referir aos valores tradicionais as reformas que os outros fazem. Vamos dizer mais chãmente: os conservadores fazem com que o povo se acostume com as reformas, tirando-lhes o tom de agressiva novidade.

§ 3° - O conservadorismo no Brasil

A ideia conservadora foi dignamente representada, no Brasil imperial, pelo Partido Conservador, cuja história é objeto deste livro. O Partido Conservador, apelidado "saquarema", soube, com dignidade e seriedade, defender os ideais do conservadorismo na melhor acepção do vocábulo.

Sendo Partido Conservador, o nosso não era propriamente um partido reacionário, embora conhecesse alas realmente hostis a qualquer forma de progresso, ou então a transformações específicas, como por exemplo, a Abolição, combatida, também, por alas declaradamente escravagistas de outros partidos, como o Liberal, isto sem falar na famosa discrição dos republicanos a respeito de um assunto cheio de ressonâncias desagradáveis (3) Nota do Autor.

A respeito da posição doutrinária dos conservadores convém fixar uma distinção muito nítida: as bases gerais da democracia eram do mesmo modo admitidas por liberais e conservadores. Heitor Lyra, muito lucidamente, registra o caráter igualmente "liberal" de ambos os partidos. Mais ainda, principalmente era um conservadorismo político, não-social. Poderia ser, também, social, mas por acidente.

Numa tentativa de definição poderemos dizer que o Partido Conservador lutava pela unidade nacional e considerava como instrumento adequado o conjunto de instituições consubstanciadas na Constituição de 25 de março de 1824. Os conservadores admitiam que o sistema político, vigente no Brasil, sobre ser legítimo, era útil e vantajoso para o fim supremo: a unidade nacional fundada sobre a democracia liberal.

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