Os construtores do Império; Ideais e lutas do Partido Conservador

fundamental da liberdade reside na eleição. O povo não se enganando acerca de seus interesses (mal sabiam eles que, numa eleição, votam os eleitores para decidir a respeito dos interesses do povo, que muitas vezes desconhecem, por ser uma realidade completamente diferente da variedade dos bens individuais) e, querendo sinceramente a liberdade (o que não é evidente, carece de ser provado e a experiência raramente é confirmada) os postos de autoridade devem ser necessariamente eletivos, para serem preenchidos convenientemente. Não compreendiam que o processo de preenchimento de cargos públicos é uma questão puramente técnica, condicionada pelo critério de utilidade e eficiência. Devemos adotar o critério que melhor preencha as finalidades do cargo. O caráter democrático é garantido pela aprovação do sistema adotado.

Os liberais, não obstante o seu evidente romantismo e a adoção de não poucas medidas, contrariando o interesse nacional, como a internacionalização da navegação do Amazonas e do comércio de cabotagem, eram movidos por um sincero e ardente amor à liberdade e sabiam lutar por seus ideais com bravura e eloquência. Isto, afinal, era vantajoso. Os conservadores, embora aceitando com sinceridade os dogmas principais do credo político do século XIX, não desconfiavam da autoridade, consideravam o poder majestático do Imperador como sagrado e isento de perigos. O resultado é que, se exercessem sem contraste e por prazos indefinidos o poder, eles, com o tempo, se tornariam déspotas.

Os liberais, mesmo governando pouco, mesmo sem alcançar quase nenhuma vitória positiva, conseguiram alertar a nação, na pessoa do Imperador e através da opinião pública, dos perigos inerentes à adoção de maneira irrestrita das doutrinas conservadoras.

Podemos distinguir dois conceitos de democracia. Para a escola de Rousseau - democracia individualista - o sujeito da soberania é o indivíduo tomado isoladamente. O homem faz a sua própria lei; nada há acima do indivíduo. O Estado garante a soberania e os direitos dos indivíduos; numa eleição decidem os eleitores acerca de seus interesses e não a respeito do bem comum. Não há, de certo modo, bens comuns, mas a multidão de bens individuais esparsos pelo país. Para o conceito,

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